[Matéria atualizada em 14/02/2021, às 11h50, para inserir serviço executivo do mobiGO] Rodrigo Trevizan entrou no grupo JCA em 2017 com o objetivo de iniciar o processo de transformação digital da holding. Dona das empresas rodoviárias 1001, Cometa, Catarinense, entre outras, e com administração familiar até os anos 2000, a ideia era mudar a tradicional empresa de Niterói, com mais de 90 anos, e focar no cliente, tendo como base a tecnologia. Um CRM para a montagem de base de clientes foi o primeiro passo. Em seguida, os sites das empresas do grupo também foram remodelados, de forma que ficassem mobile first. Era importante levar os clientes para a Internet e o dispositivo móvel era o meio de acesso à rede mais fácil e acessível. Não à toa, quatro anos atrás, quando o processo se iniciou, apenas 8% adquiriam passagens online. Atualmente, a média é de 50%, com picos de 80%.
Diante do sucesso, essa mudança ganhou unidade própria. Trevizan – que havia saído da Latam onde também participou do processo de transformação digital da empresa de aviação – é o diretor-executivo da e-bus, unidade de negócios digitais do Grupo JCA. O executivo e sua equipe desenvolveram, então, quatro produtos: wemobi, marketplace de serviços rodoviários 100% digital; mobiGO, plataforma de fretamento para serviços executivo e corporativo; Outlet de Passagens, um site de ofertas de bilhetes de passagens rodoviárias baratos; e Clube Giro, programa de fidelização com gamificação.
Wemobi
O início das operações da wemobi foi em julho de 2020. Trata-se de uma plataforma online de venda de passagens, mas com os carros saindo de outros pontos da cidade além das rodoviárias. No início de sua operação, tinha apenas quatro ônibus e duas rotas. Atualmente, o serviço conta com 80 carros, 25 cidades atendidas e mais de dez empresas operando no marketplace. A JCA está em tratativas com pelo menos mais dez empresas de ônibus que devem entrar na plataforma.
“Temos vídeos no TikTok com mais de 2 milhões de visualizações. Nossos clientes tiram fotos com os carros e convidam os amigos para viajarem. É um produto que caiu no gosto do público”, conta o executivo. Ainda não existe sua versão em app, mas está no roadmap. “Neste caso, o custo de aquisição fica melhor, o usuário tem uma recorrência maior e uma reincidência importante de compra. Faz sentido termos uma app”, explica o executivo. O aplicativo deve ser lançado ainda este mês.
Tal como a Buser e outras empresas que prestam serviços digitais e que não saem da rodoviária, o wemobi tem como foco o público jovem. Mas a comparação acaba por aí. “As empresas de aplicativo e as plataformas trazem esse questionamento do modelo. No caso da Buser, porém, se trata de um modelo ilegal. Fretamento versus operação rodoviária são competições que não deveriam existir. Investir na criação da e-bus e da we mobi melhora os custos de uma forma legal para a empresa, dentro da ordem, dentro da lei. Colocamos a tecnologia em prol do sistema regular”, enfatiza Trevizan.
A proposta da wemobi é ser um marketplace, embarcando também outras empresas do ramo rodoviário. “Querermos expandir para 300 carros em todo o Brasil ainda este ano. Estamos conversando com outras companhias para elas entrarem na plataforma. Todas aquelas que são legais podem participar desse produto”, resume.
MobiGO
Já a mobiGO é uma plataforma voltada para o mercado corporativo e executivo. No caso primeiro caso, uma empresa contrata a JCA para que leve seus funcionários da casa ao trabalho e vice-versa. O serviço conta com um app, que funciona também como um gerenciador do tempo do funcionário. A empresa passa a ter dados dessa pessoa e entende qual horário ela embarcou no ônibus, ajudando na linha de produção da empresa. “Um dos nossos clientes, por exemplo, é a BMW. Trabalhamos em algumas plantas dela e nosso app faz o processo de roteirização para enxergar a melhor rota do ônibus para entregar os funcionários”, conta o executivo da e-bus.
Já o modo executivo é contratado diretamente pelo usuário. Há linhas que fazem um determinado trajeto e é possível usar o carro fretado de forma personalizada, quantas vezes na semana o usuário precisar. “Muita gente que trabalha em São Paulo, mas mora em Jundiaí, por exemplo, usa o serviço. Fazemos esse trajeto semanalmente e a pessoa compra online e faz o embarque pelo app”, explica Trevizan.
Outlet
O site Outlet de Passagens oferece bilhetes que podem ser 50% mais baratos comparado com uma compra normal direta pelo site das empresas. A proposta aqui é que o usuário escolha o destino, a data da viagem, o conforto do assento (se normal, leito ou cama) e o período do dia (manhã, tarde ou noite). A plataforma procura as melhores opções.
O Outlet Passagens possui mais de 150 mil clientes cadastrados e vendeu 200 mil bilhetes em dois anos de operação, sendo 85% das compras realizadas via dispositivos móveis.
Clube Giro
E, por fim, o Clube Giro é um programa de fidelização gamificado. A ideia é levar para dentro do app o cliente da rodoviária. “Neste caso, consigo ‘ler’ esse usuário e ofereço tarefas para ele cumprir. A ideia é mudar o comportamento dessa pessoa e fazer com que o cliente viaje mais. Quanto mais viaja, mais pontos ganha e esses pontos podem ser convertidos em descontos ou passagens. Começamos os testes um ano e meio atrás com uma base de 5 mil clientes. Ele funciona em modo full há 1 ano”, explica.
O Clube Giro (Android, iOS), tem como marcas parceiras a Auto Viação 1001, Catarinense e Cometa. Em outubro de 2021, 80% dos clientes compraram pelo celular e os acessos mensais móveis representavam em torno de 77%. Isso considerando apenas o site. E o app bateu a marca de 1 milhão de cadastrados e cresce na proporção de 30% a cada mês.
Pandemia e perspectivas
Perguntado se a pandemia fez com que esses produtos saíssem mais rapidamente do papel, Rodrigo Trevizan explica que não, mas certamente acelerou a transformação digital de seu usuário. “Trouxemos clientes que não entendiam muito do processo de compra (online). A pandemia acelerou o processo de compra dessas pessoas. Por isso, trabalhamos muito a usabilidade e os nossos canais de atendimento. Respondemos as dúvidas nas redes sociais; nos sites das empresas com um bot que responde às primeiras dúvidas de forma digital e, caso tenha alguma outra questão, é possível passar para um humano responder”, explica.
Apesar dos avanços, a JCA entende que 2022 ainda será um ano complicado por conta da Covid-19, porém melhor do que 2020 e 2021, quando as viagens foram reduzidas drasticamente.