A Amazon colocou a inteligência artificial generativa como seu próximo foco de negócio. Em carta endereçada aos acionistas nesta quinta-feira, 11, o CEO Andy Jassy afirmou que IA generativa é o “pilar” que liderará as principais iniciativas da companhia para trazer “melhor experiência aos seus consumidores”.
“Muito do clamor público focou nas aplicações de IA generativa, com o marcante lançamento do ChatGPT em 2022. Mas na nossa visão há três camadas distintas de inteligência artificial generativa. Em cada uma delas estamos investindo pesado”, escreveu Jassy, antes de detalhar as três partes do projeto de IA da Amazon no AWS.
- A primeira camada de IA generativa é a “parte de baixo” com chips próprios da Amazon e da NVIDIA para desenvolvedores e empresas criarem os modelos de fundação (foundation models ou FM, no original em inglês). Entre as empresas que estão usando os processadores da Amazon para construir, treinar e implementar estão Anthropic, Airbnb, Hugging Face, Qualtrics, Ricoh e Snap;
- A segunda camada é a “parte do meio” com o uso dos FMs para customizar e treinar os dados, além de usar segurança e funcionalidades em nuvem para criar aplicações de IA generativa. Ou seja, o ajuste fino que é feito com o Amazon Bedrock e possui modelos de fundação da Anthropic, Meta, Mistral, Stability AI, Cohere e o Titan da Amazon. Entre as empresas que utilizam o Bedrock estão: Amdocs, Delta Air Lines, GoDaddy e Siemens;
- A última camada é o “topo”, com as aplicações IA generativa da Amazon e AWS para melhorar as experiências dos consumidores, como o Rufus para assistência de compra, Alexa para gerar materiais de publicidade e o assistente de trabalho Q, usado para ajustar linhas de códigos.
Jassy ainda afirmou que as ações da Amazon em IA são mais focadas em B2B: “Embora estejamos construindo uma quantidade substancial de aplicações de IA generativa, a vasta maioria delas serão construídas por outras companhias. No entanto, o que estamos construindo na AWS não é apenas um aplicativo ou modelo de fundação. Esses serviços da AWS, nas três camadas, compreendem um conjunto fundamental que democratiza a próxima fase seminal da IA”, descreveu o CEO.
O executivo afirmou ainda que as três camadas vão empoderar e complementar os desenvolvedores (internos e externos) para transformar virtualmente a experiência do consumidor: “Estamos otimistas que muito dessa IA que mudará o mundo será construída na AWS”, concluiu.
Momento da AWS
Em 2023, a AWS terminou 2023 com US$ 91 bilhões de receita, um aumento de 13% contra US$ 80 bilhões do ano anterior. Esse movimento poderia ter sido maior, mas a Amazon apostou em lançar seus próprios chips (Graviton) para avançar a criação de aplicações e FMs de IA generativa, além de uma plataforma de armazenamento com IA (S3 Intelligent Tiering) e planos de recorrência para empresas.
“Esse trabalho diminuiu as receitas em curto prazo, mas foi melhor para o consumidor – que apreciou bastante – e deve funcionar bem no longo prazo”, afirmou o executivo. “Ao final de 2023 nós vimos uma atenuação da otimização de custos, novos negócios sendo acelerados, a renovação de clientes com contratos mais longos e crescimento nas migrações (para a AWS)”, complementou.
IA no conselho
Paralelamente, a Amazon adicionou ao seu board Andrew Ng, um dos principais nomes da comunidade de inteligência artificial e de educação. Com mais de 200 pesquisas publicadas no tema, Ng é diretor-geral e sócio da AI Fund, fundador da DeepLearning AI e presidente do conselho do Coursera, além de ser professor adjunto na Stanford University. Também teve passagens por Google e Baidu.
Imagem principal: Arte de Nik Neves para Mobile Time