A regulamentação do Uber e dos serviços de carona solidária e compartilhamento de corridas em São Paulo foi bem recebida pelos principais apps de táxi que operam no Brasil. Procurados por MOBILE TIME, 99, Easy Taxi e Wappa concordaram que a regulamentação é positiva para o mercado. Porém, algumas fontes destacam pontos que precisam ainda ser mais debatidos e esclarecidos pela prefeitura paulista no futuro. Os principais são:
1) Como funcionará a variação do preço por quilômetro rodado? A princípio custará R$ 0,10, mas a prefeitura deixou aberta a possibilidade de variação de acordo com políticas públicas e também de acordo com o crescimento ou a saturação do mercado, mas como isso será calculado?;
2) Quantas autorizações afinal serão liberadas para motoristas de carros particulares (aqueles de placa cinza) oferecerem corridas remuneradas? Na coletiva de apresentação do projeto, a prefeitura falou em 5 mil "carros-equivalentes", mas nenhum número aparece no decreto. Esses 5 mil representariam aproximadamente 13% da frota de táxis de São Paulo;
3) Como será gerenciada a distribuição dessas autorizações para cada app? Hoje o principal concorrente nesse segmento é o Uber, mas outros serviços podem aparecer. Como a prefeitura vai lidar em caso de saturação dessa cota inicial de 5 mil "carros-equivalentes"? Como garantir que um app não será privilegiado sobre outro?
Avaliação positiva
Em entrevista para MOBILE TIME, o co-CEO do Easy Taxi, Dennis Wang, disse que a empresa "sempre foi a favor da inovação e defende a regulamentação do setor." Por isso, "vê com bons olhos" o decreto.
A 99, por sua vez, encaminhou um comunicado por email, do qual destacamos o seguinte trecho: "Entendemos que o decreto é uma iniciativa de regulamentar o mercado para que se estabeleça uma relação saudável de concorrência e consideramos isso positivo. Acreditamos que juntos conseguiremos chegar nas melhores soluções que beneficiem toda a sociedade, tornando o transporte individual acessível para os passageiros e tratando os motoristas de forma justa e humana."
O diretor de operações da Wappa, Marcelo Sicsu, em entrevista para MOBILE TIME na terça-feira, 10, também elogiou a regulamentação e disse que agora "a competição passa a ser de igual para igual."
Do lado do Uber, embora sua representação brasileira não tenha manifestado posicionamento oficial, a divisão de políticas públicas da start-up disse estar feliz com o decreto de Haddad. Através de um post em seu blog, o grupo cita a proposta como “benção oficial” de São Paulo para o modelo de corridas compartilhadas como novo modo de transporte privado. Além disso, o Uber afirma que a adaptação regulamentar ajudará a manter novas opções criadas pela tecnologia, com São Paulo tomando uma posição de liderança na regulação do compartilhamento de corridas em toda a América Latina.
Outras cidades
A iniciativa de São Paulo deve influenciar outras cidades a também regulamentarem o Uber, acreditam fontes. E provavelmente as regras estipuladas pela capital paulista servirão de parâmetro para as demais capitais do País. Goiânia e Brasília são algumas das que estão discutindo o assunto.