Após o anúncio da saída do então diretor presidente Rodrigo Abreu, que será substituído pelo italiano Stefano De Angelis, a TIM anunciou na noite desta quarta-feira, 11, balanço financeiro referente ao primeiro trimestre. A companhia classificou o período como "difícil", citando também o cenário macroeconômico "desafiador", e registrou queda de quase 60% no lucro, além de recuo nas receitas e aumento na dívida. O lucro líquido da empresa diminuiu 59,7% no primeiro trimestre do ano, ficando em R$ 127,9 milhões. O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (EBTIDA) reportado caiu 16,6% e fechou o trimestre em R$ 1,121 bilhão, enquanto a margem EBTIDA diminuiu 0,4 ponto percentual e ficou em 29,1%.

A companhia atribui a queda à combinação de efeitos como o desempenho da receita de serviços tradicionais e da receita entrante, mais custos com o tráfego off-net e maior provisão para devedores duvidosos. Vale lembrar que a companhia lançou em novembro do ano passado planos com ligações de longa distância com mesma tarifa que local. Antes, em setembro, Abreu alegou que a empresa presenciava "a morte do efeito comunidade" por conta do crescimento de aplicativos over-the-top (OTT).

O avanço dos dados ainda é percebido. A receita líquida total foi reduzida em 15,3%, registrando R$ 3,854 bilhões no primeiro trimestre. A companhia afirma que o declínio ocorreu com impacto do "ambiente macroeconômico difícil", pelo corte na VU-M e por um "fenômeno contínuo da migração de voz para dados, durante uma mudança importante na estratégia de aparelhos".

A receita de serviços caiu 8,3% e fechou março em R$ 3,618 bilhões. Dentro de serviços, a receita com a operação móvel caiu 9,2%, ficando em R$ 3,438 bilhões. Nesse universo, a única área onde houve crescimento foi na de serviços de valor agregado (SVA), com aumento de 13,8% e total de R$ 1,479 bilhão. A maior parte, R$ 1,318 bilhão (ou 43% do total da receita líquida de serviços móveis), veio dos SVAs considerados "serviços móveis inovativos", ou seja, a receita com dados e conteúdo, que aumentou 26,3% no período. Por outro lado, as receitas dos serviços fixos cresceram 14,3% e totalizaram R$ 180,8 milhões. A receita com produtos caiu 61,2% e ficou em R$ 236,7 milhões.

A TIM afirma ainda que o aumento na receita em SVA com dados se deu pela estratégia de migração de clientes para 4G, que proporcionou aumento na penetração de smartphones na base para 68,1% e estimulou o consumo de dados. A companhia diz que o bytes de uso (BOU) avançou 48% no período, mas não detalha em quanto ficou no trimestre. A receita média por usuário (ARPU) ficou em R$ 17,2, aumento de 3%. A empresa tem 31,8 milhões de usuários únicos de dados, 5,4% a menos do que no ano anterior e são 47% da base total (contra 44% em março de 2015).

A receita bruta caiu 15,9% e ficou em R$ 5,738 bilhões. A maior parte vem da receita de serviços, que caiu 9,4% e totalizou R$ 5,388 bilhões, apesar de a maior queda proporcional ter sido na receita de produtos, com recuo de 60,1% e total de R$ 350,6 milhões.

Dívida e investimentos

Stefano De Angelis assumirá o comando da operadora com uma dívida bruta de R$ 7,860 bilhões em março, incluindo o reconhecimento do leasing de R$ 1,288 bilhão por conta do leaseback das torres vendidas em 2015. A relação dívida líquida/EBTIDA ficou em 0,5x no período, contra 0,6x no primeiro trimestre de 2015. Segundo a TIM, a dívida líquida aumentou para R$ 3,476 bilhões ao final de março, um aumento anual de R$ 3,119 bilhões.

A companhia declara ter alcançado cerca de 40% da meta trianual de cortes de R$ 1 bilhão no plano de eficiência de custos. Em dezembro de 2015, a TIM tinha alcançado 35% da meta, referente ao período de 2015 a 2017.

O Capex da TIM totalizou R$ 710 milhões (18,4% da receita) nos primeiros três meses de 2016, um decréscimo de 23,1%. A empresa justifica que isso ocorreu "após negociações mais exigentes e longas com fornecedores de equipamentos de rede". Desse total, 88% foi destinado à infraestrutura.

A operadora afirma que continua a focar em projetos de densificação de sites, com expansão da cobertura de rede heterogênea (HetNet) e desenvolvimento de backhaul, entre outros. Esse projeto de HetNet instalou 234 novos sites no período, totalizando 3,1 mil no País, um aumento de 1,4 mil novos hotspots. A empresa considera nesse número as conexões Wi-Fi e small cells 3G e 4G, mas não discrimina os dados. A cobertura total de WCDMA ficou em 12.512 sites e um total de 1.860 cidades, enquanto a do LTE dobrou em 12 meses e fechou março em 8.021 sites e 439 cidades. A TIM afirma ainda que 89% dos sites estão conectados com própria infraestrutura, e que cerca de 4,8 mil (26% a mais que 2015) são conectados com fibra.

 

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