Atualmente, as quatro principais operadoras do Brasil oferecem algum tipo de serviço financeiro para seus clientes – e em alguns casos também para quem não faz parte de sua base. Juntaram-se mais recentemente, a Oi, com a Oi Conta Zap, e a Vivo, com o Vivo Pay, além do Claro Pay e a TIM, com sua parceria com a fintech C6 Bank. Durante o Tela Viva Móvel, evento organizado por Mobile Time nesta terça-feira, 11, apesar dos lançamentos recentes, as quatro empresas não descartam uma união para desenvolver e oferecer uma única carteira digital ao mercado. De acordo com os representantes das empresas de telecomunicações, nenhum dos serviços oferecidos atualmente seria um empecilho para a criação de uma carteira unificada. Mas o projeto é desafiador pela magnitude.
“Já é difícil fazer funcionar com uma operadora. Com as quatro juntas então… Mas eu não desisto. Acho que vai acontecer um processo de consolidação, o que será uma oportunidade de a gente se juntar de novo e consolidar em uma direção única. O modelo que está aí, com uma pulverização das carteiras, não é sustentável”, explicou Renato Ciuchini, vice-presidente de estratégia e transformação da TIM. O executivo também acredita que as operadoras deveriam se unir para oferecer publicidade digital.
Com relação a uma carteira digital única entre as operadoras, Roberto Guenzburger, diretor de marketing da Oi, também foi favorável à iniciativa. Em sua opinião, o cenário ainda está em aberto. “Pode acontecer a consolidação de cada solução das operadoras, ou poderíamos propor um negócio mais robusto de todas as teles. Mas é complexo, cada uma tem sua estratégia, suas limitações. É uma luta bastante dura, mas na minha opinião pessoal acho que pode fazer sentido, sim, mas depende das condições e da estratégia de cada operadora”, resumiu.
A Vivo também não descarta a possibilidade, mas a operadora deixa clara a visão do que planeja para seu futuro, pelo menos nesse primeiro momento. “A ideia da Vivo é se tornar um hub de serviços digitais e tecnológicos. Nosso objetivo não é competir com grandes bancos e fintechs que hoje valem bilhões ou que ainda vão valer. Não é o nosso core. A gente quer facilitar a vida dos clientes da Vivo quando estiverem interagindo com o ecossistema da operadora”, explicou Rodrigo Gruner, diretor de inovação e serviços digitais, Vivo.
“Vai ser cada vez mais natural o pagamento digital como uma experiência do cliente. E depois, futuramente, pode existir a possibilidade de um negócio em conjunto. Isso está em aberto. A iniciativa da Vivo não elimina essa possibilidade”, disse.
Com o Vivo Pay, a operadora foca no cliente pré-pago, que ainda tem dificuldade em fazer a recarga do celular de forma digital. “Queremos dar mais benefícios por ser um canal da operadora e ter uma gestão melhor da jornada do cliente. Integrar esse canal de pagamento a outros canais da vivo. Nossa visão especificamente é fazer com que o nosso cliente tenha uma experiência melhor”, resumiu.
Em sua participação no Tela Viva Móvel, Fábio Maeda, diretor de serviços digitais e inovação móvel da Claro, disse que o Claro Pay está crescendo conforme o esperado desde o seu lançamento.
Para enriquecer a conversa, Flávia Pollo Nassif, CEO do DialMyApp Brasil, apontou para a importância dos serviços financeiros para o sistema de telecomunicações. De acordo com dados da DMA, entre 30% e 40% dos atendimentos pela ferramenta estão relacionados a questões financeiras, e, por isso, as operadoras deveriam oferecer meios para facilitar o pagamento a partir de uma autenticação inteligente. “Nem toda segunda via ou códigos de barras precisa de uma autenticação máxima. As operadoras estão se tornando um provedor financeiro, mas elas precisam se beneficiar de uma transformação digital, facilitando as operações financeiras”, disse em sua participação no primeiro painel do Tela Viva Móvel 2021.