O Google confirmou que o Brasil será um dos primeiros países do mundo a testar novas funcionalidades contra roubo e fraude em handsets Android. Apresentadas no evento Google for Brasil nesta terça-feira, 11, as funcionalidades ainda estão em fase de testes, mas o seu principal destaque é o bloqueio por detecção de roubo, que inclui recurso de inteligência artificial.
Nesta função, a IA do Google detecta se alguém rouba o smartphone e foge em velocidade, a pé, bicicleta, carro ou moto. Além disso, a tela é bloqueada rapidamente quando percebe um desses movimentos, o que evita o acesso dos criminosos aos apps, contatos e arquivos. O recurso contra roubo de celulares ainda tem uma função de bloqueio remoto. Por meio da página android.com/lock, o usuário Android poderá bloquear a tela inserindo apenas o número do telefone e respondendo um desafio de segurança (Recapta), algo que pode ser feito em qualquer dispositivo.
Fabricio Ferracioli, gerente técnico de contas no Android, explicou que a detecção usa a IA para uma combinação de movimentos, como o movimento brusco e o movimento de velocidade para bloquear a tela. E em caso do handset ficar longos períodos sem acesso à Internet (um truque usado pelos receptadores e ladrões para evitar localização ou bloqueios), o Android fará um bloqueio automaticamente.
Importante dizer, as novas soluções do Google têm opt-out.
Ecossistema
Maia Mau, diretora de marketing do Google no Brasil, explicou que a companhia está conversando de forma constante com os fabricantes de celulares (Samsung e Motorola) para aplicar e testar as soluções, além do Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP): “Esperamos que os lançamentos feitos hoje deixem as pessoas mais seguras”.
Manuel Carlos de Almeida Neto, secretário-executivo da Justiça e Segurança Pública do MJSP, explicou que o objetivo central do programa Celular Seguro é “incorporar o sistema do Google Android” em uma espécie de “muralha de segurança eletrônica” contra roubo e furto: “Temos muito trabalho a fazer e tenho certeza que essas inovações darão certo”, disse o representante da pasta.
Por sua vez, Bruno Diniz, gerente de Android no Brasil, explicou que as soluções apresentadas ao sistema operacional nesta terça-feira são complementares e não estão integradas, mas podem trabalhar juntas. Reforçou ainda que esta é uma primeira camada de segurança no OS e que a ideia é colocar mais ao longo do tempo para dificultar as ações dos criminosos, que também se adaptam às tecnologias.
Ferracioli reforça que o Google já imagina que “os criminosos vão se adaptar” e por isso que o lançamento de hoje ainda é um piloto: “Queremos entender como usuários e assaltantes vão receber isso. Queremos oferecer soluções que não coloquem (o usuário) em mais risco”, completou.
Fraude
Em combate à fraude, o Google apresentou uma atualização do Google Play Protect, a ferramenta de segurança do ecossistema Android. Em uma expansão de um programa piloto contra fraudes e golpes aos usuários do sistema operacional móvel, o Protect bloqueará instalações de apps baixados de navegadores, app de mensagem ou gerenciadores de arquivos (sideloading) e não será mais permitido download de apps que tentam acessar informações sensíveis, como leitura de mensagens SMS, notificações e de acessibilidade.
Com isso, a companhia indica aos desenvolvedores reverem suas políticas de permissões solicitadas para não serem bloqueados pelo Play Protect. De acordo com a equipe da companhia, essa ação também é um piloto, mas o bloqueio da instalação só ocorrerá a partir da combinação de dois ou mais critérios, novamente, como leitura de mensagens SMS, notificações e de acessibilidade.
Ainda assim, o usuário pode fazer o opt-out e até não usar o Google Play Protect.
Disponibilidade
As funções de detecção de roubo serão liberadas para uso a partir do mês de julho, mas apenas para usuários a partir do Android 10. Outros países terão acesso à solução de forma gradual ainda em 2024. E a nova versão do Play Protect começa a ser atualizada no Brasil a partir do final de junho, mas também será um processo gradual.
Imagem principal: Maia Mau, diretora de marketing do Google (divulgação: Google)