A Fujitsu fará um teste de rede privativa 5G OpenRAN com a IBM ainda neste ano na cidade de Sorocaba, cidade a 104 quilômetros da capital de SP. A informação foi confirmada pelo head of customer engagement da Fujitsu para a América do Sul, Alex Takaoka, em conversa com o Mobile Time na manhã desta terça-feira, 11.
O executivo afirmou que a prova terá vários fornecedores de equipamentos, mas a ideia é integrar tudo para fazer uma “demonstração de caso de uso das redes abertas”. Datas, quantidade de equipamentos e frequências serão informados posteriormente.
A IBM é parceira de integração da Fujitsu, que, por sua vez, está começando a entrar no mercado de redes de telecomunicações no Brasil com portfólio em OpenRAN para 5G, além de software e equipamentos LTE. A companhia também mira avanços em redes privativas e pretende criar seus primeiros casos de negócios até 2024.
Estratégia
Além da conhecida linha de negócios em equipamentos de servidores e storage, Takaoka explicou que a companhia atua em telecom com três frentes comerciais: hardware (inclusive core de rede), software de rede (não core, mas permite integração com Nokia e Mavenir) e a implantação – mas essa depende de caso a caso e parcerias. Também fornecem fibra ótica para ISPs e começam a conversas com “operadoras tier one” (como Claro, TIM e Vivo) e redes neutras.
O executivo disse que OpenRAN é um dos negócios principais da companhia, tanto que todos os seus equipamentos de core de rede 5G são de RAN aberto . Além disso, a empresa trabalha em uma “retrocompatibilidade” para seus equipamentos 4G terem OpenRAN. Em redes de padrão aberto, a fornecedora também atende a Deutsche Telekom na Europa e a NTT Docomo no Japão. O principal caso de implantação que a companhia tem é com a Dish Telecom nos EUA, operadora que tem sua rede 5G nacional em OpenRAN com equipamentos da Fujitsu. Este também é o principal case da fornecedora em padrão aberto e aquele que demonstra como a tecnologia e consórcio ORAN tem evoluído.
“Hoje existe um descompasso de conhecimento sobre o que é o OpenRAN, como se propõe e implementações reais. O pessoal está parado no que foi feito anos atrás, mas o consórcio segue evoluindo. OpenRAN é muito baseado em software, que evolui constantemente”, explicou Takaoka. “A Dish Telecom é um exemplo para o mercado brasileiro. A operadora explora um greenfield com OpenRAN, diversos fabricantes, e consumidor final em todo país. Já está em produção, não é trial. Eles pararam de usar a rede compartilhada da AT&T, arremataram frequência e criaram uma rede nova, 5G e aberta”, explicou.
Takaoka afirmou que o maior desafio do OpenRAN hoje é a interoperabilidade, ao sair da rede fechada para a rede aberta. Mas acredita que isso pode ser feito ao começar no “greenfield” ou “trocar as redes 3G e anteriores” para o OpenRAN.
Redes privativas
Com casos de redes privativas nos Estados Unidos e Japão, a Fujitsu tem avançado bastante em indústria 4.0 (5G OpenRAN) e começa a trazer sua tecnologia para o Brasil. Takaoka espera que o primeiro caso de uso com equipamentos da Fujitsu aconteça no ano que vem. Mas o executivo afirma que tem espaço para criar casos de uso em outros setores, como arenas esportivas e entretenimento, com o core de quinta geração aberto. Também está no radar da companhia apoiar aplicações privativas em agronegócios, utilities, óleo e gás e smart cities.
Em 4G, uma das tecnologias que a Fujitsu está preparando nos EUA e deve trazer para o Brasil é um “LTE in a box”, ou seja, um core de rede modular na faixa de 700 MHz, 14 kg de peso e que pode ser usado em aplicações como agro e cidades inteligentes.