O Brasil, assim como EUA e diversos outros países ocidentais, não reúnem as mesmas condições que propiciaram o surgimento de super-apps na China e na Coreia do Sul, ou pelo menos não a principal delas: o fomento do governo. Além disso, não haveria uma demanda por parte do consumidor brasileiro por um super-app nos mesmos moldes daqueles existentes no Oriente. É o que afirmou Léo Xavier, fundador e CEO da Môre, durante participação no painel virtual “Apps no Brasil: os desafios na construção e no engajamento de bases de usuários”, do Tela Viva Móvel 2020 nesta terça-feira, 11.
No entanto, diversas empresas almejam criar um super-app para o mercado brasileiro. “Todo mundo quer ter um super-app para chamar de seu. Mas a quem interessa o super-app? As empresas trazem essa ideia da China e Coreia do Sul, mas esquecem os motivos desse fenômeno ter acontecido lá”, disse Xavier. Na Coreia do Sul, apps externos não funcionam porque o servidor precisa estar lá, uma exigência da regulamentação, o que fomentou o nascimento do super-app nacional Kakao.
Eduardo Santos, diretor de conteúdos e serviços para dispositivos móveis da Samsung, reconhece que os casos dos super-apps sul-coreano e chinês serão “difíceis de serem replicados aqui no Brasil”. Acompanhando de perto como funcionário de uma empresa com sede na Coreia do Sul, o executivo explica que diferentemente do modelo aplicado nos países asiáticos, os super-apps no Brasil “não tem motivador governamental e empurrão regulatório”.
“Não existe esse desejo do brasileiro de ter um super-app. Existe um desejo de verticalidade. O app precisa ser antes de tudo task centric (focado em tarefas, na tradução livre)”, afirmou o especialista. “Naturalmente, se houver algum player candidato – para ser super-app no Brasil – é o aplicativo mais democrático, mais popular e mais usado por aqui: o WhatsApp”.
WhatsApp no centro
Xavier disse ainda que o WhatsApp pode se tornar o centro dos negócios de muitas empresas no futuro, em movimento similar àquele que aconteceu com empresas que nasceram nos anos 2000, na “Era da Internet” (Online-first), e 2010, na “Era Móvel” (mobile-first).
“Veremos empresas WhatsApp first e WhatsApp only. É no WhatsApp que teremos empresas se inventando e reinventando. Importante lembrar dos dados da pesquisa do Mobile Time com Opinion Box: 99% dos brasileiros que tem smartphone usam Whatsapp, 98% usam todo dia e mais de 70% já usaram como canal comercial”, disse. “Além disso, hoje é mais rápido fazer um bot/canal no WhatsApp que um app. E, se incluir loja, produtos, catálogo e moeda, ele vira um ecossistema completo”.
Tela Viva Móvel
A programação do Tela Viva Móvel continua nesta quarta-feira, 12, com painéis sobre inovação móvel em grandes marcas (Coca-Cola, GM, Credicard e MRV) e em startups (ChatClass, Turbi Nutrebem, Popsy e Pier). Confira a agenda e mais informações sobre venda de ingressos no site do evento: www.telavivamovel.com.br.