Aplicativos de mensageria, redes sociais, publicidade online, mensagens efêmeras e automatização de conversas. Essas são ferramentas que podem parecer comuns no dia a dia da indústria de tecnologia, mas não era para outros segmentos. É o caso, por exemplo, do setor de imóveis, área que antes era conhecida por ser mais analógica e burocrática, mas que agora começa a mudar seu perfil.
Um dos motivos para esta mudança é a renovação no perfil dos profissionais da área. Um estudo feito pela Lopes Consultoria de Imóveis revelou que 37% dos corretores são jovens (até 35 anos), e que 31% têm ensino superior. O levantamento, divulgado nesta terça-feira, 11, foi realizado com 3 mil profissionais na cidade de São Paulo.
“A quantidade de corretores de imóveis no mercado é muito grande. Centenas de milhares. É um mercado que tem uma renovação muito grande, ano a ano. Sempre tem os jovens, mas mesmo as pessoas que estão no mercado há muito tempo, elas precisam se adaptar”, explicou Lucas Vargas, CEO do Grupo Zap. “Há cinco anos existia pouca adesão ao mobile e anúncios digitais, mas hoje é impossível não trabalhar com essas tecnologias”.
Outro efeito que pôde ser observado é a mudança do cliente. Se antes ele visitava imobiliárias e conversava com analistas via chat ou telefone, agora utiliza apps de mensageria e redes sociais para buscar informações e até efetuar a compra. Um dos casos apresentados nesta terça-feira, 11, durante o Conecta Imobi, em São Paulo, foi o modelo de comercialização via Instagram Stories. Feito pela incorporadora Tenda com a agência de publicidade Doc.Sync em novembro de 2017, a ação via plataforma de mensagens efêmeras teve 64 peças de marketing diferentes que geraram 8 mil conversações via chat, custo por lead (CPL) 3,6 vezes menor e 55% menor que a média do Facebook.
“O tempo todo, ao longo do dia, nós somos online e offline. O segredo é entender que o consumidor está em todas as plataformas e que você praticamente tem que pedir permissão para entrar no dia dele e entender sua jornada. O comportamento do consumidor mudou”, relatou Alejandro Abiuzi, head de behaviour intelligence Doc.Sync. “Colocar Carreta Furacão, sushi, cafeteira, garrafa de whisky e pipoca não vai atrair mais gente. Hoje temos que entender que o consumidor está no centro de tudo. Tem que respeitar o timing do cliente, o conteúdo precisa ser forte e claro, precisa de transparência e o profissional precisa se conectar com o consumidor – não é só uma venda, uma comissão”, completou.
Como um dos efeitos que também pode ser observado é a criação do evento Conecta Imobi. Organizado pelo Grupo Zap, o encontro é dedicado à atualização dos profissionais de imóveis. Com palestras sobre futuro das vendas, como vender por WhatsApp, e conhecer as melhores ferramentas para se usar no cotidiano, o encontro terá 4,8 mil pessoas circulando entre os dias 11 e 12 de setembro no Transamérica Expo Center.
“Os corretores precisam se adaptar aos diversos canais usados pelo consumidor. Além disso, a crise, que gerou menos crédito, criou uma dificuldade de transação, acabou acelerando as mudanças. E, com isso, todo o mundo precisou se adaptar”, completou Vargas.