O Grupo Telefónica está acelerando seu programa de exploração da infraestrutura móvel globalmente, incluindo no mercado brasileiro, onde opera com a Vivo. A empresa anunciou na terça-feira, 10, que pretende capitalizar seus ativos e analisar “opções diferentes para monetizar o portfólio adicional de sites nos próximos 12 meses”. Sem considerar os 18 mil sites da subsidiária Telxius, a companhia espanhola possui cerca de 50 mil sites, que ela afirma poder gerar um lucro operacional antes de depreciação e amortização (OIBDA) de algo em torno de 360 milhões euros, além de receita de 830 milhões de euros e Capex de 25 milhões de euros.
A empresa não fala diretamente em vender, mas diz que pretende capturar mais sinergias por meio de compartilhamento de rede, assim como capitalizar no interesse na infraestrutura entre participantes públicos e privados. “A intenção da Telefónica é monetizar um portfólio adicional de ativos de telecom móvel nos próximos 12 meses”, diz a companhia. No momento, ela diz estar analisando diferentes opções de monetização, enquanto retém o máximo de flexibilidade operacional e estratégica. “Uma alternativa poderia ser aumentar a Telxius ao incorporar sites adicionais das unidades da Telefónica, com o apoio de nossos parceiros minoritários existentes”, diz no comunicado. “Outras alternativas poderiam também ser contempladas.”
Ao todo, a Telefónica opera cerca de 130 mil sites globalmente, e detém, diretamente ou por meio de subsidiárias em 12 mercados, por volta de 68 mil sites (com os da Telxius). Isso inclui a operação no Brasil com a Vivo, além da sede espanhola e das subsidiárias na Alemanha, Reino Unido, Argentina, Equador, Colômbia, Uruguai, Chile, Peru, México e Venezuela. Do total de 50 mil sites, 60% (cerca de 30 mil) estão nos quatro maiores mercados do grupo: o brasileiro, o espanhol, o alemão e o britânico.
Somente no Reino Unido, a empresa detém 7 mil sites por meio de sua participação de 50% na Cornerstone Telecommunications Infrastructure, joint-venture criada em 2012 em conjunto com a Vodafone para operar a infraestrutura das empresas e apoiar os acordos de compartilhamento ativo. As duas operadoras assinaram acordo para incluir a rede 5G e “explorar potenciais opções de monetização” da Cornerstone. Na Alemanha, a Telefónica Deutschland detém 19 mil sites.
“A Telefónica continua a expandir seu portfólio global e espera implantar novos macrosites pelos próximos anos por seus mercados e continuar a crescer seu alcance existente de small cells para apoiar sua estratégia de rede”, declara a empresa. Pela parte da Telxius, com seus 18 mil sites e 87 mil km de rede ótica na Europa e na América Latina, a companhia afirma estar de vento em popa. No ano passado, a divisão obteve receitas de 792 milhões de euros (8,4% acima do do registrado em 2017) e OIBDA de 370 milhões de euros (avanço de 7,1%). A empresa diz que a subsidiária tem “forte crescimento e geração de fluxo de caixa”.
Recapacitação e suspensão voluntária
A Telefónica também anunciou na terça-feira um plano para reposicionar funcionários na Espanha com custo de aproximadamente 1,6 bilhão de euros sem impostos, com a taxa de economia em gastos diretos esperada em aproximadamente 220 milhões de euros a partir de 2021. O plano inclui uma proposta de negociação com sindicatos na Espanha, com programas de requalificação e um plano de “suspensão voluntária individual” para funcionários acima de 53 anos, enquanto “novos perfis serão contratados de acordo com as necessidades atuais”. A unidade espanhola também pretende “simplificar o framework de trabalho, implantando um programa extenso para proporcionar aos funcionários novas capacitações e progredir ainda mais no processo de digitalização”. Além disso, propõe endereçar questões de igualdade, diversidade e “desconexão digital” como prioridade para os próximos anos.
O plano em geral envolve mais de 6 mil empregados em programas de recapacitação, com foco no desenvolvimento de habilidades nas áreas de segurança, robotização, analytics, desenvolvimento Web, consultoria de negócios, TI e metodologia ágil. Para tanto, o orçamento para os treinamentos será mais do que dobrado, enquanto a quantidade de horas de treino por funcionário será aumentada em até 40%.