Junto com a democratização da Internet promovida pelos pequenos provedores no Brasil, deve-se melhorar também a rede de distribuição do conteúdo (CDN) para esses players – e para isso, as emissoras deveriam trabalhar para levar essas estruturas mais próximas aos usuários. A demanda é do sócio e diretor da companhia de infraestrutura de telecomunicações e distribuidora da Huawei no Brasil Connectoway, William Taylor. A justificativa é que esse mercado, o maior da banda larga fixa no País, tem um grande potencial que já atrai investidores.
“Tem um fundo por trás deles [dos provedores regionais] com recursos para captar R$ 2 bilhões para investir no mercado de telecomunicações das operadoras competitivas. E eles têm a promessa de adicionar 2 milhões de assinantes até 2025”, declarou o executivo nesta sexta-feira, 11, durante o último dia do evento 5×5 TecSummit. “Para ter e suportar tudo isso, precisa de rede preparada, profissional, robusta, de última geração e que tenha um vendor confiável dentro dele e que consiga suprir a necessidade de qualidade.”
A questão é que a rede precisa também do conteúdo. Taylor diz que é necessário ampliar parcerias com emissoras e produtoras. “O que escuto nos bastidores de mercado, e que poderia contribuir, é que as emissoras locais disponibilizem CDNs nas infraestrutura desses players”, conta. O benefício é que a disponibilização mais próxima ao usuário traz melhora na qualidade e na experiência do consumo desse conteúdo, reduzindo também o tráfego externo que antes precisava ser coletado em servidores em pontos de troca de tráfego (PTTs) em São Paulo.
CDNs e conteúdos próprios
A Connectway fornece infraestrutura por meio de cabos DWDM (de energia elétrica com fibra), o que Taylor afirma ter sido fundamental para atender o aumento de 45% na demanda desde o início da pandemia da Covid-19. Assim, ajudou não apenas na distribuição de conteúdo produzido por empresas, mas também pela geração do próprio usuário, com aumento de educação a distância e teletrabalho (home office). Nesse ambiente, a qualidade da conexão se tornou uma demanda maior.
“O mercado se transformou sim. Entretenimento precisa de serviço de qualidade, precisa chegar a uma sociedade maior”, diz. Assim, segundo conta Taylor, agora, já há provedores regionais que contam com “quatro ou cinco CDNs só de um player”, com maior granularidade.
“Dos mais de 500 ISPs que atendemos, uns 30% ou 40% têm sim CDNs dentro da infraestrutura, e espalhados pelo Brasil. Temos empresas que tem atendimento em cinco ou seis estados e conseguem ter CDNs do Netflix, Google, Facebook e [a empresa de infraestrutura] Akamai e outros que logo devem estar no planejamento das emissoras alocarem”, declara o executivo da Connectoway.
Além de ir buscar esse tráfego em CDNs, as prestadoras regionais também estão produzindo o próprio conteúdo. “Tem provedores fazendo próprios canais, com notícias, entretenimento, saúde e tudo que eles estão produzindo.” Como explica o sócio e diretor da Connectway, os ISPs também têm preocupação com a pirataria, e por isso sugere que haja alguma força conjunta com grandes operadoras para aumentar a informação ao consumidor e trabalhar contra a distribuição ilegal.
5×5 TecSummit
O evento 5×5 TecSummit é organizado pelos portais jornalísticos especializados Convergência Digital, Mobile Time, Tele.Síntese, Teletime e TI Inside, com a proposta de debater a modernização de cinco setores essenciais para a economia brasileira. Na sexta-feira, 11, o evento se encerra com uma discussão sobre o impacto da tecnologia na indústria de entretenimento. As apresentações passadas, sobre os setores de governo, saúde, energia e finanças já estão disponíveis.