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Decorar senhas será coisa do passado. A grande novidade em serviços digitais é a autenticação silenciosa, feita a partir de uma análise do comportamento online do usuário. A brasileira Incognia (antiga In Loco) desenvolveu uma solução com tecnologia própria utilizando a localização do usuário como principal fator de autenticação. Analisando onde a pessoa está e comparando com o histórico de movimentação daquele dispositivo, sua ferramenta consegue informar, com bastante precisão, se aquele acesso consiste em uma tentativa de fraude ou não. A avaliação é feita em milésimos de segundos e torna possível que apps disponibilizem para os seus usuários o serviço de login sem senha. Um banco brasileiro é o primeiro cliente da novidade: em três meses de utilização, acumula 25 milhões de acessos sem senha e nenhuma fraude até agora. Outro banco e dois players de e-commerce estão testando a solução.

“Em mais de 90% dos casos os usuários de apps financeiros acessam de algum local seguro, ou seja, de um local que faz parte da sua rotina, como sua residência ou trabalho. Então, em mais de 90% dos casos o processo de autenticação pode ser menos chato, sem pedir senha, nem token por SMS. Quando tem algum risco, a gente nega o acesso e o banco volta para o modelo antigo de login. Nossa solução é mais forte do que senha e simplesmente usamos sensores mobile”, explica André Ferraz, CEO da Incognia, em conversa com Mobile Time. Uma vez dentro do app, se o banco preferir, pode exigir senha ou verificação biométrica somente para certas transações, como pagamentos e transferências.

A mesma solução da Incognia está sendo testada para prevenir a fraude em pagamentos dentro de apps de comércio eletrônico. Duas redes testaram a ferramenta com sucesso até o momento e devem implementá-la em breve. O app de uma rede de delivery de comida estava tendo sérios problemas de chargeback por ser usado por muitos fraudadores para testar cartões clonados. Com a autenticação silenciosa por localização da Incognia conseguiu, ao mesmo tempo, aumentar em 79% a taxa de aprovação de pedidos e reduzir em 57% o chargeback. Outro que testou foi um player grande de e-commerce que já usava soluções líderes do mercado em prevenção à fraude e, mesmo assim, com a Incognia conseguiu aumentar em 15% sua taxa de aprovação de pagamentos e diminuir em 50% o chargeback, relata Ferraz.

O cadastro de novos clientes, especialmente para bancos digitais, também pode ser beneficiado pela solução da Incognia, que está sendo adotada no processo de onboarding de vários deles. É feita uma verificação se o endereço residencial informado pelo cliente no cadastro é o mesmo identificado pelo histórico de deslocamento do seu celular. 

“A maioria das ferramentas de prevenção à fraude foram criadas para desktop e depois adaptadas para mobile. A nossa deve ser a primeira mobile first. Aproveitamos o que o mobile tem de diferente. E estamos desbancando soluções líderes de mercado”, compara.

Fazendas de fraude

Há cerca de quatro meses a Incognia começou a medir também a reputação dos locais, identificando o que chama de “fazendas de fraude”. Mais de 3,5 mil já foram mapeadas.

“Houve um caso de uma única casa em que o fraudador abria 10 contas no mesmo banco todos os dias, com documentos diferentes, provavelmente usando dados de vazamentos como esses que viraram notícia recentemente”, relata.

“Normalmente, se o sujeito que faz fraude pelo celular é pego, ele reseta o aparelho e começa de novo. Se for descoberto mais uma vez, ele pega outro celular e retoma o trabalho. É muito fácil manter uma operação fraudulenta ativa por muito tempo. Mas se a gente conseguir marcá-lo pelo lugar físico onde a fraude é feita, ele precisa se mudar, e a operação fica mais cara. E ele tem que fazer no lugar onde mora, senão a informação não vai bater com aquela do cadastro. E assim a fraude acaba se tornando inviável economicamente”, descreve Ferraz.

Empresa

Ferraz planeja passar por uma rodada de investimento e levantar cerca de US$ 30 milhões este ano para dar conta da expansão da Incognia. “O crescimento projetado está bem puxado. Em janeiro batemos a meta de faturamento para abril deste ano. Esperamos crescimento de 10 vezes em receita em 2021. A demanda está absurda”, afirma.

A unidade de publicidade móvel da In Loco, antiga startup fundada por Ferraz, foi vendida no ano passado para o Magazine Luiza. A tecnologia patenteada de localização que havia sido desenvolvida permaneceu com seus fundadores, a a In Loco foi renomeada como Incognia e agora foca em soluções de segurança.

 

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