A Algar Telecom reformulou seu plano pré-pago nesta quarta-feira, 12. A principal novidade é o modo como estão oferecendo o zero rating, a oferta de acesso ilimitado a determinados apps: a franquia de dados para WhatsApp e redes sociais passa a não ser cobrada entre 21h e 6h. Fora desse período o acesso será descontado da franquia mensal do usuário.
Além do zero rating noturno, o plano da Algar disponibiliza 30 GB de franquia de dados por R$ 30 mensais, sendo que a franquia tem validade de 33 dias. Há um segundo plano de 15 GB por R$ 25 a mensalidade, mais sua validade é de 30 dias.
Com 490 mil assinantes no pré-pago, a companhia quer impulsionar sua receita na categoria que representa atualmente 30% de sua receita móvel.
Big techs x operadoras
O movimento comercial do zero rating válido para depois das 21h remete ao passado da Internet brasileira, quando as operadoras cobravam apenas um pulso telefônico na navegação para a web via Internet discada após 00h, algo que ocorreu no final da década de 1990 e começo dos anos 2000.
No último dia 6 de janeiro, uma pesquisa do Mobile Time com a Opinion Box revelou que o tema de mudanças no zero rating para o WhatsApp é sensível para o consumidor móvel, uma vez que 53% dos brasileiros com smartphone afirmam que trocariam de operadora caso a sua prestadora atual cancelasse o acesso gratuito ao aplicativo de mensageria.
A questão vem em um momento de discussão na indústria móvel sobre fair share, conceito que envolveria pagamentos de taxas das plataformas de redes sociais pelo uso e manutenção das redes das operadoras. Além disso, as empresas de telecomunicações começam a revisar seus contratos e ofertas de zero rating dos apps das big techs.
Histórico do zero rating
O zero rating foi uma estratégia adotada pelas operadoras há mais de uma década para atrair novos assinantes e fidelizar os já conquistados. Começou abrangendo Facebook e WhatsApp, mas depois se expandiu para outros apps de redes sociais e utilitários. Na maioria dos acordos, os apps não pagam nada às teles e nem recebem delas qualquer remuneração para terem zero rating. Foi pensado como uma relação de “ganha-ganha”.
O que inicialmente era para ser um diferencial competitivo de uma ou outra operadora que saiu na frente acabou virando um item obrigatório nos planos de todas as teles. Quem não tivesse isso na oferta, estava fora do jogo.
Paralelamente, o crescimento vertiginoso no uso desses aplicativos sobrecarregou as redes móveis. Hoje, há um entendimento entre as teles de que o zero rating beneficiou mais a popularização desses apps over the top (OTT) do que rentabilizou as operadoras.
Essa mudança de compreensão da parceria está levando as teles a alterarem sua estratégia de zero rating. Uma das saídas é trocar o acesso ilimitado por franquias dedicadas para apps específicos.
Imagem principal: Ilustração produzida por Mobile Time com IA