Saúde e educação serão as verticais prioritárias da Claro para serviços de valor adicionado (SVA) em 2014, com foco especial em saúde preventiva, através de parcerias para monitoramento remoto de pacientes, disse o diretor de SVA e roaming internacional da operadora, Alexandre Olivari. Outra meta é transformar todos os serviços do Claro Ideias em aplicativos para Android, iOS e Windows Phone. Às vésperas de lançar seu serviço de carteira eletrônica no celular com NFC, em parceria com o Bradesco, Olivari comentou também sobre a solução de autenticação na nuvem para pagamentos com cartão, que substituiria o elemento seguro no SIMcard, prescindindo, portanto, da participação das teles nesse negócio. "Quando se bota (a chave de autenticação) na nuvem, abre-se a possibilidade para qualquer um hackear a informação. E tem um ponto importante que poucos estão falando: a questão do tempo de transação", argumenta Olivari. O executivo concedeu entrevista para MOBILE TIME em Barcelona, durante o Mobile World Congress (MWC), e falou também sobre a integração com a NET e a Embratel, além dos preparativos para a Copa do Mundo: a maior dor de cabeça da empresa agora são os constantes rompimentos de fibra óptica por conta das obras em estradas e nas grandes capitais.
MOBILE TIME – Quais são as prioridades da Claro em serviços de valor adicionado (SVA) em 2014?
Alexandre Olivari – A prioridade é o conteúdo para smartphones, especialmente aplicativos. Toda nossa estratégia de conteúdo é definida em conjunto com o México. Nossa proposta é ter todo o portfólio do Claro Ideias adaptado para aplicativos nos sistemas Android, iOS e Windows Phone. Já começamos esse processo.
O que falta migrar para app?
Falta, por exemplo, migrar nossa loja de música.
E em termos de verticais, dentro de SVA? Quais são as prioridades?
Vamos focar muito em educação, com novos cursos, por enquanto em SMS e web. Mas vai ter aplicativos. E também mobile health. Temos um serviços de bem-estar que dá dicas de saúde e alimentação, tipo um nutricionista virtual. E queremos este ano entrar no m-health trabalhando a parte de M2M. Fazemos parte dessa iniciativa com a GSMA, que foi tema de conversa com o Ministério das Comunicações, com o objetivo de trabalhar os meios móveis para saúde preventiva a partir do monitoramento remoto de pacientes, o que envolve dispositivos conectados que medem pressão, glicemia etc. Estamos conversando com algumas empresas que provêm esse serviço com toda uma estrutura de médicos e enfermeiros por trás. Portanto, as prioridades este ano são saúde, educação e a adaptação dos conteúdos para smartphones através de aplicativos. E vamos continuar fortalecendo nossa loja de música e o Claro Vídeo, que queremos este ano disponibilizar para mais devices. Hoje, em português, está disponível para tablets e smartphones Android e iOS, além de smart TVs Samsung e via web. Pretendemos entrar em consoles de videogame e em outras TVs. Cabe lembrar que no Brasil o Claro Vídeo é de responsabilidade da operadora móvel, mas nos outros países a responsável é a fixa.
As empresas do grupo América Móvil estão se integrando no Brasil. Isso tem algum impacto na estratégia em SVA?
Não, porque a nossa estratégia é trabalhar em três verticais bem delimitadas: a Claro em mobilidade; a NET em casa; e a Embratel em empresas. A integração é mais do ponto de vista fiscal e operacional, aproveitando as sinergias do grupo e provendo ao cliente mais serviços integrados, de maneira que tenha uma única conta, um único atendimento.
Então as três marcas serão mantidas?
A Claro é muito forte em mobilidade e a NET é forte no segmento residencial, enquanto no corporativo a Embratel tem peso grande. Não temos planos no curto ou médio prazo de fazer junção de marcas. Entendemos que são marcas fortes em suas respectivas verticais. Mas obviamente que para o cliente NET que tenha o combo multi queremos que ele tenha uma única conta e seja atendido por uma única central de atendimento. Temos um call center treinado para esse produto.
Essa integração gera ganho de escala. Isso favorece a operadora nas negociações com parceiros de conteúdo? A Vivo tem usado a integração com a Telefônica como argumento para melhorar seu share de receita nos contratos com os parceiros, por exemplo. (Nota do editor: essa estratégia foi destacada em entrevista para MOBILE TIME por Alexandre Fernandes, diretor da Telefônica Vivo).
Com alguns parceiros locais eu negocio diretamente, mas as conversas com parceiros regionais são feitas no México. É lá que se negocia conteúdo para TV, música… Ou seja, em mobilidade esse ganho de escala já existia antes dessa integração no Brasil. A única coisa que temos hoje envolvendo negociações de Claro e NET juntas são os conteúdos de TV.
Qual é a sua estratégia para apps? São apenas um complemento para ofertas atuais ou podem virar uma nova fonte de receita?
Existem apps da Claro e apps que não são da Claro mas que tenho uma versão para vender na minha loja. Na América Latina, a monetização por carrier billing é muito mais eficiente do que através do meio tradicional, ou seja, o cartão de crédito. Muitos desenvolvedores preferem pagar mais de share para uma operadora pela conversão que ela tem, principalmente no caso de apps que trabalham com assinatura semanal ou in-app purchase (IAP). É um modelo mais rentável que a venda pura e simples com cartão de crédito, porque na maioria das lojas precisa ser um cartão internacional.
Como andam as negociações para acordos de carrier billing nas lojas de aplicativo tradicionais?
Temos conversado com o Google, mas não temos avançado muito. Estamos abertos a falar com eles.
O NFC decola este ano? Como vão os testes da m-wallet da Claro com o Bradesco?
Pretendemos lançar comercialmente no segundo trimestre. A maioria das máquinas da Cielo já aceitam. Vai funcionar com débito e crédito. Vamos pedir senha para tudo. Vai ser igualzinho ao cartão. No México, para compras abaixo de 70 pesos não tem senha.
Como será o modelo de negócios? Como a operadora será remunerada?
O banco paga uma licença por cartão emitido. O elemento seguro vai ficar no SIMcard. Acho que Brasil não abrirá mão disso.
O que achou das soluções apresentadas por Visa e Mastercard de substituição do elemento seguro no SIMcard por uma autenticação na nuvem?
Discuti com Mastercard e com provedores de SIMcard. O processo de criptografia começa a partir de uma chave mãe. Se estiver tudo na nuvem, quem gerou essa chave? Quando se bota na nuvem, abre-se a possibilidade para qualquer um hackear a informação. E tem um ponto importante que poucos estão falando: a questão do tempo de transação. A chave estando no SIMcard é um processamento local, no telefone. Mas se tiver que buscar a chave sei lá aonde, existirá um atraso que poderá prejudicar a usabilidade.
O duopólio Android/iOS não parece incomodar a América Móvil tanto quanto incomoda a Telefônica. Por quê? A Claro não lançou ainda o Firefox OS, por exemplo…
Estamos falando com a Mozilla. Queremos também entrar nesse mercado. Não está descartado. Mas o Firefox OS não traz exatamente uma vantagem em relação ao Android, além de ter uma debilidade que é a loja de apps, que é inferior à Google Play.
E Windows Phone?
A Microsoft está vindo com uma nova versão interessante. Mas é o mercado quem vai dizer. O mercado brasileiro é muito voltado para Android. Mas o Windows Phone já é o segundo no market share em vendas. Passou o iOS.
O que viu de mais interessante no Mobile World Congress?
Está se falando muito de 5G, que seria a continuação do LTE de maneira que consiga evoluir sem mudar toda a rede. Até agora, a cada nova tecnologia temos que botar uma rede em paralelo. Hoje temos três redes no Brasil rodando simultaneamente: 2G, 3G e 4G. Cada uma precisa de manutenção etc. O grande desafio é evoluir e continuar tendo retorno do investimento.
E os preparativos para a Copa do Mundo? As operadoras vão fazer bonito ou vão pisar na bola?
Acredito que vamos fazer bonito. Não vai ser na parte de telefonia móvel que estarão os principais problemas na Copa do Mundo. A Copa da Confederações serviu como um bom laboratório. Tivemos alguns problemas nos jogos iniciais, mas na final estávamos bem. A Claro está trabalhando forte na estrutura para o Mundial. Pusemos anéis de fibra em todo o País. Nosso problema hoje não é capacidade. Estamos aprimorando a redundância de rede. Nossa maior dor de cabeça são as escavadeiras. Todas as grandes capitais estão em obras, há novas concessões de rodovias, ampliações de autoestradas etc. Com tantas obras, toda semana temos algum rompimento de fibra. É um pesadelo para a gente. Por isso precisamos ter várias redundâncias, de maneira que se romper uma fibra na Via Dutra, terei outra subindo por Belo Horizonte, por exemplo.