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[Atualizado às 13h30 do dia 15/03/2021] As tecnologias de medição de distanciamento social e aglomeração perdem força no País, no momento mais crítico da pandemia do novo coronavírus (Sars-CoV 2). Em sua primeira matéria especial de um ano da doença no Brasil, Mobile Time conversou com empresas, governos e associações para entender como está a medição, quais cidades ou municípios utilizam e como. O resultado das conversas mostra que as soluções – embora disponíveis gratuitamente – ficam restritas ao uso em alguns estados e cidades. Além de ter pouco apoio do governo federal.

Um ano após a OMS declarar estado de pandemia por conta da Covid-19, o Brasil contabiliza 11 milhões de casos e 273 mil mortos nesta sexta-feira, 12, sendo 2 mil nas últimas 24 horas, segundo o consórcio de mídia. Foi preciso mudar para o trabalho em casa e ficar mais restritos, com deslocamentos apenas quando necessários. Para quem ficou sem ofício, o único recurso financeiro de sobrevivência foi o auxílio emergencial.

Conexis

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Marcos Ferrari, presidente da Conexis

A Conexis Brasil Digital, representante das operadoras de telefonia do País, disponibilizou ao longo de 2020 três tecnologias para os governos: o mapa de calor para todos os municípios; o tráfego gratuito para o app oficial de cadastro no auxílio emergencial; e o envio de SMS sobre alerta da Covid-19.

No mapa de calor, que mede aglomeração e distanciamento social, apenas quatro estados e pelos menos 15 cidades usam a solução diretamente com as operadoras. Os estados são: Ceará, Minas Gerais, Paraná e São Paulo pelas unidades da federação. Entre as cidades estão as capitais Maceió, Macapá, Salvador, Recife, Teresina, Curitiba, Rio de Janeiro, Florianópolis; além de Feira de Santana/BA, Serra/ES, Campinas/SP, Aparecida de Goiânia/GO, Juiz de Fora/MG, Campos/RJ e Joinville/SC. Lembrando que as cidades podem acessar os dados pelos estados, dependendo do caso. Por exemplo, uma cidade do interior de São Paulo ou da Baixada Fluminense não precisa estar conectada diretamente à plataforma.

Em 2020, a Conexis chegou a ter 17 estados associados à plataforma e 23 cidades. Questionado sobre o motivo para 13 estados não usarem mais a ferramenta, Marcos Ferrari, presidente da entidade, não soube dizer o porquê, mas mantém portas abertas para todos.

“A decisão de não usar mais a plataforma cabe ao ente federado. Houve essa redução no final do ano. Mas mesmo com a diminuição, decidimos manter a plataforma, levando em conta o histórico da Covid-19 em países mais avançados”, disse Ferrari em conversa com Mobile Time.

Para aderir à plataforma, o secretário de saúde do município, do estado ou o ministro da saúde precisa enviar um ofício com assinatura do prefeito, governador ou presidente à Conexis. Com esse ofício em mãos, a Conexis libera o acesso à plataforma e envia diariamente os dados do mapa de calor por e-mail.

Vale dizer, o governo federal nunca usou ou pediu acesso ao mapa de calor.

Das outras soluções, a Conexis está em conversas com as defesas civis dos estados para enviar mensagens SMS com informações sobre vacinação e alertas sobre a crescente proliferação da doença. Em 2020, as operadoras enviaram 990 milhões de SMS por meio desse sistema em 2020, a maioria delas sobre Covid-19, mas também foram contabilizados alertas de chuvas e riscos de enchente.

A expectativa é voltar a conversar com o Governo Federal para ter tráfego gratuito para acesso dos brasileiros ao app do auxílio emergencial na segunda fase da iniciativa.

CyberLabs

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Exemplo de contagem de pessoas pelo InsightNow da CyberLabs. Imagem de divulgação

Recém organizada em uma fusão com a PSafe, a CyberLabs oferece duas soluções de aferição de distanciamento social. Uma se chama InsightNow, e mede o controle de frequência e permanência por meio de câmeras. A outra é o aplicativo KeyApp, destinado a liberar acesso em empresas por meio de reconhecimento facial.

O InsightNow é destinado para empresas e governos. Mas apenas o Centro de Operações (COR) da prefeitura do Rio de Janeiro utiliza a solução por meio de captura de dados de câmeras – públicas e privadas – espalhadas pela cidade. Toda segunda-feira, uma analista faz a revisão da análise e publica os dados de distanciamento social no blog da empresa.

De acordo com Caio Germano, líder de growth na companhia, o KeyApp ganhou mais adesões no último ano. Por sua vez, o InsightNow não avançou: “Em termos de estratégia comercial, nós resolvemos focar os esforços no KeyApp. O Insight Now é um projeto nosso, mas ficará apenas nos clientes que já tinham. Pode ser usado. Não é algo que estamos incentivando como produto sozinho. O foco dele é no uso com COR e com grandes empreendimentos, como (shoppings)”, afirmou o executivo.

Por sua vez, o KeyApp é destinado especialmente para empresas, mas também pessoas físicas.

“Teremos 50 mil usuários ativos no KeyApp 2021, a maioria vindo do B2C (pode acoplar miniapps e pode criar funções de outros sites). Ele é usado para controle de acesso grande para condomínios residenciais e controle de ponto. Temos um caso com a Work para controle de ponto em bares e restaurantes”, completou Germano.

Google

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Gif do Mobility Report com exemplo de evolução de visitantes em parques nos EUA

Um dos poucos líderes da tecnologia com ações globais, o Google também tem duas soluções abertas para governos: o Mobility Report, um relatório com informações públicas dos usuários Android para medir o isolamento social e que pode ser acessado por qualquer pessoa; e o Exposure Notification Express (EN Express), uma API que, ao ser integrada a aplicativos, permite o rastreamento de contato (contact tracing, em inglês) e identifica se uma pessoa entrou em contato com alguém que depois teve resultado positivo para a doença.

O serviço do Mobility Report começou com relatórios de países e estados, e agora a oferta dados diários foca também em cidades (de todos os portes) e  pode segmentar por bairros. A ferramenta também expandiu para mais países: “Hoje, temos relatórios de mais de 120 países. Estamos sempre atualizando os layers com novos estados e sub-regiões nesses países. No caso específico do Brasil, estreamos o nível de estados em abril do ano passado. Em julho, lançamos para o nível municipal”, informou a equipe de comunicação do Google em conversa com esta publicação.

“Temos evidências de uso sistemático de forma global por pesquisadores, ONGs, empresas privadas e principalmente autoridades nacionais e especialistas em saúde para ajudar a criar uma resposta de saúde pública, políticas públicas e na análise de recuperação financeira e econômica, gestão da cadeia de suprimentos e muito mais”, informou. A empresa revelou que um dos pedidos dos usuários foi a possibilidade de baixar os arquivos em formato .CSV (planilha) para ajudar a fazer comparativos. Antes era apenas por PDF.

No caso da Notificação de Exposição, o Google decidiu trabalhar apenas com o Governo Federal no Brasil. Não há planos de a companhia trabalhar com municípios ou estados. Contudo, a ideia é incentivar o uso do app em pequenos grupos, como empresas, associações, condomínios, de modo que tenha uma aferição melhor. Atualmente, existem 59 aplicativos lançados em todo o mundo com a API do Google, incluindo 23 estados e territórios dos EUA. Um dos melhores casos de uso do app é o Reino Unido, que estimou entre 284 mil e 594 mil infecções evitadas por Covid-19 ou 4,2 mil a 8,7 mil mortes evitadas.

Outros dados enviados pela empresa, demonstram que:

  • No Reino Unido, 56% da população elegível baixou o aplicativo;
  • Na Finlândia, 45% da população baixou o aplicativo;
  • Na Irlanda, 35% da população baixou o aplicativo;
  • No Colorado, Connecticut e Maryland, um quinto da população habilitou o EN Express;
  • E em Washington D.C., 53% da população habilitou o EN Express;

A lista completa dos países com aplicações baseadas na API pode ser encontrada aqui.

A Apple que provê em parceria com a Notificação de Exposição também foi procurada por esta publicação. Mas não respondeu.

Ministério da Saúde

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A iniciativa adotada pela esfera federal, como dissemos, foi a adoção da API de Notificação de Exposição desenvolvida por Apple e Google, integrada em agosto de 2020 ao aplicativo do Ministério da Saúde, o Coronavírus-SUS (AndroidiOS). Em dezembro, o app superou a marca de 10 milhões de downloads e um total de mais de 1,8 mil vouchers foram registrados com exame para SARS-CoV-2 positivo.

Para esta reportagem, o Ministério da Saúde foi questionado sobre a evolução do app ou dados que comprovem percentual da população que baixou o aplicativo, volume de notificações de contato, quantas infecções foram evitadas, e se há incentivo do uso da ferramenta por empresas e comunidades, mas, em resposta, o ministério disse apenas que a “plataforma não registra dados que possam identificar os usuários, o que impossibilita a mensuração e divulgação das informações solicitadas”.

Inloco

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A Incognia (antiga Inloco) informou que a coleta dos dados do seu índice de distanciamento social será paralisada totalmente ainda em março. Por enquanto, a empresa segue “coletando os dados e fornecendo de forma automática via dashboard para os governos parceiros”, como uma forma de continuar auxiliando no combate à pandemia. Contudo, não informou quais governos estão usando-a.

Governo de São Paulo

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No estado de São Paulo, o governo informou ao Mobile Time que continua usando as soluções de InLoco (que ainda não foi desligado) e das operadoras no seu Sistema Inteligente de Monitoramento (SIMI-SP). Com os dados em mãos, a força-tarefa que combate o Sars-CoV-2 avalia os impactos de ações como, por exemplo, os efeitos das decisões de aumento das restrições à circulação nos índices de isolamento do Plano SP.

“Adotamos o Plano SP para permitir, de forma consciente e gradual, a retomada das atividades econômicas dos setores. O plano é pautado por dados técnicos e científicos de monitoramento da evolução da pandemia e da capacidade do sistema hospitalar”, disse em nota. “Ele (Plano SP) prevê faseamento regionalizado e segue sob monitoramento contínuo e diário, permitindo medidas mais restritivas caso haja necessidade apontada pelo Centro de Contingência do coronavírus. Os dados de isolamento são importantes, mas não estão entre os critérios técnicos do Plano SP”, completou.

Importante lembrar, a administração paulista renovou a parceria com as operadoras na última semana.

Prefeitura do Rio de Janeiro

Imagem do site da prefeitura

Centro de Operações da Prefeitura do Rio de Janeiro

Por meio do Centro de Operações Rio, a administração da capital fluminense informou que mantém a parceria com a CyberLabs. Contudo, ao ser questionada sobre como usa os dados, disse que não os utiliza para tomadas de decisões.

 

 

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