[Atualizados às 9h28 do dia 13/03/2025 com informações adicionais sobre o valor completo] A Niantic confirmou nesta quarta-feira, 12, a venda do seu negócio de games para a Scopely por US$ 3,85 bilhões. A operação inclui o Pokémon Go, que virou febre a partir de 2016, além dos games Pikmin Bloom e Monster Hunter Now, e os serviços Campfire e Wayfarer.

A operação financeira inclui US$ 3,5 bilhões da Scopely e mais US$ 350 milhões da Niantic para os seus acionistas, um total de US$ 3,85 bilhões. Na Scopely, desenvolvedora dos jogos Monopoly Go!, Sumble Guys e Marvel Strike Force, o portfólio da Niantic será liderado por Kei Kawai e Ed Wu, respectivamente CPO e vice-presidente do Pokémon Go na Niantic.

“Esta transação representa uma das maiores operações já realizadas no mundo dos games por uma empresa privada na última década, ficando atrás apenas da nossa compra pela Savvy por US$ 4,9 bilhões em 2023”, escreveram no blog da Scopely os co-CEOs Javier Ferreira e Walter Driver.

Embora a compradora considere apenas a última década, a aquisição da Niantic não supera a compra da King Digital do Candy Crush pela Activision Blizzard por US$ 5,9 bilhões em 2015. Sendo que a Activision Blizzard foi adquirida pela Microsoft por US$ 69 bilhões em 2023, mas era uma operação mais ampla – indo além do mobile para franquias de sucesso em PC e consoles, como Call of Duty, World of Warcraft e Diablo.

Dados e impactos da transação da Niantic

De acordo com dados apresentados por Scopely e Niantic, o Pokémon Go tem 20 milhões de usuários ativos (MAUs) por mês no mundo e tem figurado entre os dez principais jogos móveis do mundo desde seu lançamento. Outro destaque é o Pikmin Bloom, que contabilizou 3,94 trilhões de passos de seus jogadores, cujo intuito é descobrir as flores do mundo real. Ao todo, a divisão de games da Niantic terminou 2024 com US$ 1 bilhão de receita e 30 milhões de MAUs.

Mesmo com esses resultados, os games da Niantic não figuram entre os dez com mais vendas in-app no mundo em 2024, segundo relatório recente da Sensor Tower. Por outro lado, o Monopoly Go! da Scopely liderou em vendas in-app com US$ 2,5 bilhões. Além disso, a Scopely foi a segunda empresa que mais ganhou receita com jogos móveis em 2024, um pouco mais de US$ 3,5 bilhões. Atrás apenas da Tencent, que domina o mercado com mais de US$ 10 bilhões de faturamento.

Futuro da Niantic

O motivo para a Niantic vender o seu negócio mais famoso é apostar em novas frentes de negócios. Em especial, a companhia realizou um spin-off nesta quarta-feira em sua divisão de inteligência artificial. A nova empresa foi batizada como Niantic Spatial e terá como missão atuar no segmento de IA geoespacial, ou seja, a combinação de computação visual, inteligência artificial, realidade estendida e sistemas de informações geográficos para criar experiências que combinam o mundo físico com o digital.

Entre essas experiências, a companhia tem avançado com a Niantic Spatial Platform para criar espaços como chão de fábrica, armazéns, navegação com realidade aumentada. Além disso, a empresa manterá em seu portfólio os jogos de realidade aumentada em mundo real e aberto, Ingress Prime e Peridot.

“Nós estamos no meio de mudanças sísmicas na tecnologia com a IA evoluindo rapidamente. Os atuais mapas foram construídos para as pessoas lerem e navegarem, mas agora há a necessidade de um novo tipo de mapa que torne o mundo inteligível para as máquinas. Isso inclui desde óculos inteligentes a robôs humanóides que precisam entender e navegar no mundo físico”, explicou o CEO da Niantic, John Hanke, em seu perfil no Linkedin.

O spin-off terá US$ 250 milhões de partida, sendo US$ 50 milhões da venda do negócio de games e US$ 200 milhões do caixa da Niantic. De acordo com o CEO da companhia, John Hanke, o capital será usado para contratar os melhores profissionais de IA geoespacial e acessar dados proprietários.

Para o futuro, a Niantic está preparando um grande modelo de mundo, o Large Geospatial Model, algo que está sendo construído a partir de 30 bilhões de imagens posadas. Este modelo tem como intuito aprimorar o raciocínio de grandes modelos de linguagem (LLM) ao dar uma contextualização espacial e semântica de localizações no mundo real.

“Hoje, os LLMs representam o primeiro passo rumo a um futuro que terá uma variedade de modelos colaborativos que buscam entender e resolver problemas complexos. E muitos desses problemas vão precisar de conhecimento profundo e bem acurado sobre o mundo físico. A Niantic está construindo esses modelos (geoespaciais) que vão ajudar a IA a se mover além da tela e entrar no mundo real”, completou Hanke.

Imagem principal: Niantic vende divisão de games e focará em IA geoespacial (divulgação)

 

*********************************

Receba gratuitamente a newsletter do Mobile Time e fique bem informado sobre tecnologia móvel e negócios. Cadastre-se aqui!