A Ação da Cidadania desenvolveu um bot no WhatsApp para o projeto Busca Ativa, iniciativa do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS) que busca famílias em situação de vulnerabilidade para informar sobre os benefícios, serviços e programas sociais do Governo Federal que têm direito.

O robô será utilizado por pessoas da sociedade civil – ONGs, associações de moradores, coletivos, lideranças da comunidade, igrejas etc – que fazem a busca ativa dessas pessoas. Com ele, será possível coletar dados, a partir de perguntas pré-determinadas, e orientar sobre quais os benefícios são elegíveis.

O robô orienta a liderança com perguntas sobre renda, quantas pessoas moram no local, se moram crianças, idosos, pessoas com deficiência, entre outras. Cada uma das respostas vai influenciar no tipo de benefício a receber e o quanto. Em seguida, o robô, por meio de geolocalização, apresenta uma lista de Cras (Centro de Referência da Assistência Social) da prefeitura próximo de onde mora. A pessoa deve, então, se dirigir a ele para receber mais orientações e fazer seu cadastro no CadÚnico.

Munida dessas informações, a pessoa chega ao Cras sabendo melhor seus direitos e o que deve fazer. O bot serve também para que a Ação da Cidadania monitore os centros de referência que estão levando mais tempo do que o normal para cadastrar as pessoas em vulnerabilidade.

“Desde 2004, 2005, quando o primeiro Bolsa Família surgiu, as lideranças fazem esse trabalho de busca por todo o Brasil de pré-triagem, só que, até então, era no papel. O WhatsApp é um aplicativo que todos têm e é oferecido fora do plano de dados da operadora, ou seja, a liderança não precisa ter um celular bom para usar o bot e nem franquia de dados”, explica Rodrigo Afonso, diretor-executivo do Ação da Cidadania em conversa com Mobile Time.

“A ferramenta acompanha todo o processo. Com isso, podemos cobrar do Cras mais agilidade se demoram muito a atender as pessoas que passaram pela pré-triagem”, complementa.

Refazendo o cadastro

O CadÚnico está sendo reconstruído para voltar a ser um cadastro baseado no número de pessoas da família residente em um mesmo local e não mais em indivíduos, como acabou ficando na última gestão federal.

“Existe uma dificuldade porque essas pessoas não sabem dos seus direitos e não se mobilizam. Temos muitas dificuldades de cadastramento de famílias que moram em lugares distantes. Às vezes elas chegam em um Cras, mas não sabem quais são seus benefícios e direitos. E o centro pode levar quatro, cinco meses para atender”, comenta Afonso.

Desenvolvimento e acompanhamento

A Ação da Cidadania desenvolveu o aplicativo a partir das perguntas formuladas pelo MDS. E, com isso, o algoritmo realiza o cálculo final do benefício.

A partir do bot é possível acompanhar o processo de todos na fila do Cras. Ao entrar no centro de referência e fazer o cadastro no CadÚnico, o status daquela pessoa muda em seu cadastro. “Podemos acompanhar, gerar insumos, dados e entender se as famílias estão sendo ou não atendidas”.

Para usar o bot, a liderança deve entrar no WhatsApp e acionar o bot. Ele pede uma senha – cada liderança possui a sua – e, a partir daí, o robô faz uma série de perguntas que são preenchidas pela liderança na entrevista.

Afonso conta que não existe um número preciso de quantas pessoas estão fora do CadÚnico. Talvez dezenas de milhares, talvez centenas de milhares. “A grande maioria dos moradores em situação de rua não está no CadÚnico por não ter documento. E tem as pessoas que moram longe dos centros urbanos”, elenca.

Proteção de dados

A Ação da Cidadania também se preocupou em armazenar os dados sensíveis dessas pessoas em uma nuvem privada em que só a ONG possui acesso. “Temos uma preocupação com a LGPD. Esses dados não são usados para mais nada e assim que a pessoa se cadastra no CadÚnico a gente expurga os seus dados”, completa Afonso.

Testes

O bot no WhatsApp será lançado no Rio de Janeiro neste sábado, 13, às 10h, na sede nacional da Ação da Cidadania, no Santo Cristo, região central da cidade. O estado foi escolhido para iniciar o projeto piloto por enfrentar um cenário de insegurança alimentar com 15% de sua população em situação grave, segundo a Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar (Rede PENSSAN).

 

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