O uso da camada de conectividade para promover inteligência a serviços essenciais para o público está no cerne de iniciativas de cidades inteligentes, então a infraestrutura é um dos alvos mais importantes para a transformação digital na administração municipal. Segundo participantes de debate sobre smart cities no evento Cisco Live 2018 nesta terça-feira, 12, é necessário primeiro identificar os problemas para depois implantar a solução de tecnologia.
Na cidade de Cary, na Carolina do Norte, Estados Unidos, o foco está em questões como transporte, proporcionando estacionamentos e semáforos inteligentes. Para tanto, a prefeitura utiliza a tecnologia para “ter a melhor informação para tomar boas decisões e usar de forma mais eficiente o dinheiro vindo de imposto”, conforme define a CIO da administração municipal, Nicole Raimundo. “É uma transformação digital, uma jornada sem fim, e também é sobre pessoas e processos, juntando-as com departamentos e trabalhando juntos. Acho que começamos bem, com o campus com departamentos conjuntos e um conselho diretor”, declara.
A plataforma de gestão de Internet das Coisas Kinect da Cisco está sendo utilizada pela prefeitura – ela é chamada por Raimundo de “Fitbit da cidade”, fazendo paralelo com o relógio inteligente que monitora atividades físicas. “Se um semáforo ficar piscando e causar engarrafamento, ele manda um feed de vídeo ao nosso centro para ver o que eles fazem e também para oferecer nova rota através de aplicativos”, explica, citando uso de apps de terceiros. Porém, ela não gosta do termo “smart city”, preferindo a expressão “comunidade conectada”.
O transporte é uma preocupação também em Las Vegas. A cidade norte-americana conta com ônibus autônomo utilizando a plataforma Kinect, mas também leva em consideração o grande volume de pedestres devido ao fluxo de turistas. Por meio de sensores, conseguem programar semáforos de pedestres para evitar “quase atropelamentos”, por exemplo. “Nós usamos a tecnologia de inteligência artificial e machine learning para vídeo quando a rua estiver realmente precisando”, diz o diretor de tecnologia e inovação da prefeitura de Vegas, Michael Sherwood. O desafio vai além de apenas envolver a transformação. “Envolvemos a comunidade, às vezes não é só a tecnologia”, conta.
Porto na Holanda
Um dos maiores portos do mundo está localizado na cidade holandesa de Rotterdam, que passou a utilizar a tecnologia para ajudar a lidar com a gestão da estrutura, cuja extensão é de quase 50 km. Além de testar uma solução de contêiner inteligente, carregado de sensores para monitorar a viagem e a condição do conteúdo transportado, a própria infraestrutura das docas passa por uma transformação digital. O local vai tentar usar menos combustíveis fósseis (atualmente responsável por metade da receita) e mudar o paradigma para passar a aceitar navios autônomos. “Esses navios já estão sendo construídos, e temos um programa de infraestrutura inteligente para deixar ela pronta para essas embarcações”, afirma o diretor do porto de Rotterdam, Erwin Rademaker. “Estamos construindo um ecossistema de Internet das Coisas com IBM, Cisco e Esry e será o sistema que no futuro vai acomodar os navios.”
Rademaker explica que um ecossistema IoT está sendo construído do zero, com uma camada de telemetria que cruza informações do barco com as condições climáticas para caso de missão crítica. O porto utiliza a tecnologia Cisco Kinect para entregar a segurança e a extração de dados à plataforma da IBM. “Isso é realmente a chave, achamos ser à prova de futuro”, declara. O porto de Rotterdam fará parceria com líderes da indústria, como a fabricante Rolls-Royce.