Voar em um avião particular é privilégio de milionários? Não necessariamente. Para os criadores do aplicativo Flapper (iOS), há potencial para aumentar o público de voos privados no Brasil com a ajuda da tecnologia. Isso porque existe uma grande frota de aeronaves subtutilizadas no País, gerando gasto recorrente com manutenção, e também porque boa parte dos voos de volta acontecem vazios – a chamada "empty leg". A proposta do Flapper é aumentar a frequência dos voos e o preenchimento dos assentos nas aeronaves, gerando uma elevação da receita e, ao mesmo tempo, uma queda nos preços para os passageiros.

Após um ano de desenvolvimento, o Flapper entrou no ar há cerca de dois meses e já realizou mais de 30 voos. Foram firmados acordos com quatro empresas de táxi aéreo, que somam cerca de 40 aeronaves, entre jatos e helicópteros, de modelos variados, como Robinson R44, Cessna Grand Caravan ou King Air.

"Começamos com parcerias com as empresas de táxi aéreo, porque entendemos que há demanda no mercado devido ao fato de elas não terem uma plataforma tecnológica para atender o varejo. Essas empresas têm seus clientes fiéis, mas sua base não cresce muito. E desconhecem o potencial. Por outro lado, muita gente nem sabe que um voo privado pode ser acessível", relata Arthur Virzin, diretor de produto e cofundador da Flapper.

App

O aplicativo está disponível para iOS e será lançado em Android em breve. Através dele, o usuário tem duas opções. A primeira é fretar um voo, podendo liberar ou não para outras pessoas os assentos livres. A segunda é comprar um assento livre em um voo criado por outra pessoa. Neste caso, na prática, o criador do voo consegue economizar no seu custo original pelo frete da aeronave. Os assentos dos voos de volta (empty legs) são oferecidos também pela plataforma. No trecho Rio-São Paulo é possível chegar a preços próximos de R$ 1 mil por passageiro, chegando a ser mais barato do que o preço que a aviação comercial de voos regulares está cobrando nesse período de Olimpíadas, destaca Paul Malicki, um dos investidores-anjo do projeto e CMO da Easy (antiga Easy Taxi). O pagamento é feito por cartão de crédito, via aplicativo.

A companhia conta com um lounge para receber seus passageiros no Campo de Marte, em São Paulo. E pretende construir outro no futuro no Rio de Janeiro. O trecho mais demandado até o momento é justamente Rio-São Paulo. Mas há também muita gente indo para o litoral paulista, Angra dos Reis e Campos do Jordão.

A Flapper fica com um pequeno percentual sobre o valor dos assentos vendidos nos voos de ida. Sua margem é maior nos voos de volta, porque normalmente esses aconteceriam vazios. Acaba sendo uma relação de ganha-ganha para a Flapper e as empresas de táxi aéreo parceiras.

No futuro, a empresa estuda a possibilidade de aceitar a adição de aeronaves particulares à sua plataforma, mas isso requerirá a obtenção de uma licença para ser uma operadora desse serviço, o que significa atender a uma série de requisitos regulatórios.

Público

Em seus primeiros dois meses de existência, a Flapper identificou três perfis mais comuns de passageiros: 1) o viajante habitual, que viaja frequentemente entre Rio e São Paulo; 2) pessoas que procuram alternativas de voos de última hora, quando é difícil encontrar uma passagem em um voo regular com preço abaixo de R$ 1 mil; 3) amigos viajando a turismo em grupo, em fins de semana ou feriados prolongados.

Segundo Malicki, há muitos advogados e executivos do mercado financeiro experimentando o Flapper, assim como empresas do mercado de tecnologia. "É preciso educar o usuário. Nosso desafio é buscar esse público. É apenas 1% da população que consegue viajar em voo privado", diz Malicki.

Investimento

A Flapper foi fundada por Sergei Terentev e Arthur Virzin, dois ex-diretores da empresa global de pagamentos Qiwi, e contou com cerca de R$ 1 milhão em investimento semente de seus fundadores e de investidores-anjo, dentre os quais estão Malicki e outros executivos de empresas diversas. A Flapper agora busca uma rodada de investimentos série A para março de 2017. Para isso, seus sócios estão conversando com diversos fundos de investimento.

 

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