As operadoras norte-americanas encaram a implementação da quinta geração de telefonia celular (5G) como uma corrida global que permitirá ao país vencedor liderar também o mercado de novos serviços digitais. A mensagem ficou bem clara no painel de abertura do Mobile World Congress Americas, nesta terça-feira, 12, em Los Angeles, nos EUA.
O chairman da Sprint, Marcelo Claure, atribuiu o sucesso de empresas norte-americanas de tecnologia, como Alphabet, Facebook, Google e Appel, à liderança do país na instalação de redes 4G. “Criamos um ecossistema de apps graças ao 4G. Nenhuma dessas empresas teria obtido tamanho sucesso se não fosse a rede 4G”, afirmou o executivo. “No 3G perdemos a corrida mundial. Mas depois conquistamos a liderança no 4G. Não podemos perdê-la no 5G”, conclamou o executivo.
Uma série de novos serviços digitais devem surgir com a chegada das redes 5G, como carros autônomos e transmissões de vídeo em alta definição em 360 graus, aproveitando as velocidades acima de 10 Gbps e a latência abaixo de 1 ms. Os países que tiverem uma rede 5G implementada primeiro terão mais chance de propiciar o nascimento de startups desses serviços.
“A corrida pelo 5G é uma prioridade nacional. Precisamos vencê-la”, disse a CEO da CTIA, Meredith Baker. Ela comparou os esforços dos EUA, da China e da Coreia do Sul nessa disputa. Em termos de liberação de espectro, os EUA ainda estão atrás dos rivais, mas a FCC acelerou o trabalho nos últimos 12 meses, identificando cinco faixas de frequências altas (acima de 20 GHz) para o 5G. Baker espera que até o ano que vem sejam definidos também leilões de bandas médias (em torno de 3,5 GHz), faixa em que os EUA está em sexto lugar no mundo. Ela estima que os EUA precisem de mais algumas centenas de MHz para o 5G.
A executiva destacou ainda a necessidade de o governo norte-americano facilitar a instalação de novas antenas. Hoje existem 150 mil sites de telefonia móvel nos EUA, mas o 5G vai demandar cinco vezes mais, por causa do uso das frequências de ondas milimétricas, cujo alcance é menor.
A CTIA calcula que o 5G vai movimentar US$ 500 bilhões na economia norte-americana nos primeiros anos de operação. E se a implementação dessa tecnologia for adiantada em um ano, serão adicionados mais US$ 100 bilhões a esse montante, estima a associação.
Claure, da Sprint, aproveitou a oportunidade para defender que os órgãos reguladores norte-americanos aprovem rapidamente a fusão entre a sua operadora e a T-Mobile. As duas têm licenças complementares de espectro nas três faixas (baixa, média e alta), o que deixaria a empresa resultante da fusão em uma posição privilegiada para a oferta de 5G. Sua intenção é levar a nova tecnologia não apenas para os grandes centros urbanos, mas para o interior do país também, competindo com redes de banda larga fixa. O chairman da Sprint mencionou os rumores de que o governo chinês estaria avaliando permitir a fusão das duas maiores operadoras daquele país para criar uma gigante com mais força no 5G. Ele usou essa informação para justificar a importância da fusão entre Sprint e T-Mobile. “A única forma de os EUA seguir líder (em telefonia celular) é deixar Sprint e T-Mobile se juntarem, porque são as únicas com espectro e com capacidade financeira para liderar essa corrida”, disse.
Projeções
Pelas projeções da GSMA, aparentemente os EUA vão vencer essa corrida pelo 5G. O diretor geral da associação, Mats Granryd, prevê que em 2025 haverá 1,3 bilhão de conexões 5G no mundo, sendo 20% nas Américas, ou 268 milhões. Para o mesmo ano, a expectativa é de que 49% das conexões móveis nos EUA e 41% daquelas no Canadá serão 5G, enquanto na Europa essa proporção girará em torno de 30%.