O clamor das empresas de telecomunicações para que as redes de quinta geração sejam uma realidade o quanto antes só fez reforçar os antigos pleitos setoriais em relação ao ambiente que propicie os investimentos necessários para este novo ciclo tecnológico. Durante a abertura do Mobile World Congress Americas, que acontece esta semana em Los Angeles, operadores dos EUA e as associações setoriais GSMA e CTIA (dos operadores norte-americanos) foram mais enfáticos do que o usual em defesa de alguns princípios: desregulamentação do mercado, licenciamento de espectro, redução tributária, revisão de taxas e obrigações que limitam a instalação de infraestrutura no nível municipal, e o estabelecimento de regras simétricas entre empresas de telecomunicações e Internet. Estas foram, em essência, as reivindicações colocadas pela indústria como prioridade a reguladores e formuladores de políticas no momento em que a virada da 5G.
Para Mats Granryd, diretor geral da GSMA, os investimentos de US$ 120 bilhões que serão feitos até 2020 só nos EUA só seriam alcançados com medidas regulatória de ajuste, com certeza e consistência sobre o ambiente, o que envolve a harmonização de espectro, políticas voltadas para redes de nova geração, equalização do ambiente com os provedores OTT e políticas adequadas de privacidade e proteção de dados pessoais. Meredith Baker, presidente da CTIA (associação de operadoras móveis dos EUA) fez duras críticas à burocracia e custos para a instalação de antenas e sites nos EUA e defendeu as iniciativas da FCC (regulador local) no sentido de padronizar e orientar as legislações municipais nesse sentido, para um ambiente mais favorável à expansão da infraestrutura.
Para o chairman da GSMA e também presidente da operadora Bharti Airtel (da Índia), Sunil Bharti Mittal, “tanto reguladores quanto investidores precisam fazer o 5G acontecer. Mas esta ainda é a indústria mais taxada no mundo, cobrança de espectro, e não encontro uma explicação para não baixarem as taxas”, desabafou. Para ele, mudar essa abordagem tributária e regulatória trará mais investimentos e aumento o PIB, mas é preciso mudar. “Temos que sensibilizar os reguladores e aqueles que decidem. Temos hoje uma indústria com retorno de um dígito. Alguém precisa ceder”, disse. Ele também defendeu a pauta das consolidações no setor de telecomunicações e disse que a indústria precisa se organizar para compartilhar infraestrutura, que ele chama de “netcos”.
Entre os números apresentados no evento, estão a expectativa de que haja 1,3 bilhões de acessos 5G em 2025, com 20% nas Américas ( 268 milhões de usuários).