Considerando o cenário geopolítico como está sendo desenhado – em especial com a volta de Donald Trump à Casa Branca e novos embates com a China de Xi Jinping -, Giovanni Romano, expert em 3GPP na Novamint, acredita que o principal desafio do 6G será político.

Afirmando que a situação mundial não é favorável, o especialista acredita que o 6G pode voltar a ter padrões regionais, como aconteceu até o 2G. Vale lembrar, a partir da terceira geração, o 3GPP criou padrões globais que são usados até hoje. Com esse embate China e EUA, Romano crê que o embate pode ocorrer com a padronização da sexta geração ao adotar o OpenRAN, que os norte-americanos são favoráveis e os chineses não são.

Romano participou do 6G Briefing, evento organizado no MIS-SP nesta terça-feira, 12, em São Paulo.

Lições do 5G para o 6G

Por sua vez, Paulo Bernardocki, diretor de soluções de redes da Ericsson, entende que o setor de telecomunicações deve levar para o 6G as lições aprendidas com o 5G. “Com os aprendizados do 5G, nós podemos garantir que a chegada do 6G será mais bem-sucedida na sociedade”, completou.

Mesmo com a capilaridade da rede 5G chegando a 50% da população – mais rápido que o LTE – nos primeiros três anos, o diretor da fornecedora acredita que ainda há desafios, e deu como exemplo a dificuldade de monetização com a nova rede.

Natural migrar do 5G ao 6G, mas…

Luiz Felippe Zoghbi, diretor de espectro da GSMA, acredita que a migração do 5G para o 6G é um “movimento natural” para o futuro. Mas assim como aconteceu em gerações de redes celulares anteriores, o ecossistema de telecomunicações precisará de espectro novo para garantir o aumento de exponencial de volume de dados e os novos casos de uso.

“Estamos em uma situação que teremos novos casos de uso e um crescimento de 10 vezes a quantidade de uso de dados até o início da próxima década. Portanto, não podemos ficar com a quantidade de espectro que nós temos hoje para entregar sustentabilidade e qualidade até o final da década”, explicou Zoghbi.

Também afirmou que há relação entre espectro e sustentabilidade, uma vez que quanto mais faixas liberadas, menos antenas serão instaladas e menos energia será consumida pelas operadoras. E que a disponibilidade das frequências pelos reguladores não pode ser custosa às operadoras. Portanto, o ideal seria repetir no 6G o modelo de leilão não arrecadatório do 5G.

Sub-terahertz?

Um dos temas levantados durante o evento sobre 6G foi a utilização das faixas de sub-terahertz (90 – 300 GHz) para a próxima década. Takehiro Nakamura, vice-presidente sênior da NTT Docomo, afirmou que antes de pensar em usar o sub-thz, o ecossistema de telecomunicações deve avançar nas redes milimétricas (mmW).

Nakamura afirmou que as ondas milimétricas ainda precisam decolar, ganhar tração de uso e casos de uso de sucesso no 5G. Só depois, o terahertz pode ser usado para desafogar o tráfego das outras redes no 6G.

Outro debate que foi apresentado no painel foi a aplicação principal que pode surgir no 6G. Nakamura acredita que muitas aplicações vão migrar do 5G para o 6G. Mas prevê que a inteligência artificial pode se tornar um killer-app, seja pelo tráfego nas redes para chegar ao usuário final ou pela implementação na gestão das redes.

Imagem principal: Da esquerda para direita: Luiz Felippe Zoghbi, GSMA; Giovanni Romanno, Novamint; Takehiro Nakamura, NTT Docomo; Paulo Bernardocki, Ericsson (crédito: Henrique Medeiros/Mobile Time)

 

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