A atuação da Huawei no mercado brasileiro de celulares já passou por algumas reviravoltas. A empresa teve uma primeira experiência no País, com fabricação local, que acabou sendo descontinuada em 2015. Depois, em 2018, anunciou sua volta em uma parceria com a Positivo, que acabou desfeita antes de qualquer lançamento. Por fim, no ano passado, a fabricante chinesa decidiu retomar a operação brasileira importando smartphones e focando em modelos premium. Lançou o P30 Pro e o P30 Lite. Para este ano de 2020, a Huawei promete novos lançamentos de smartphones no Brasil, diz seu gerente sênior de desenvolvimento de negócios para o Brasil, Daniel Dias, em entrevista para Mobile Time.
“Vimos filas nas lojas para a compra do P30 e do P30 Lite. Tinha gente na frente da Fast Shop esperando a loja abrir para poder comprar. Esgotou rapidamente. Foi algo que nos deixou muito animados”, comenta o executivo.
Dias não abre quais serão os modelos trazidos para o Brasil em 2020, nem mesmo quantos serão lançados exatamente. Uma das expectativas do público gira em torno do Mate X, primeiro modelo dobrável da Huawei. “Os lotes do Mate X postos à venda na China acabam rapidamente. Em 15 de novembro, no lançamento, o primeiro lote esgotou em 1 segundo. Assim que esgota, o Mate X aparece em marketplaces por preços muito mais altos que o oficial. Chega a R$ 35 mil, fazendo a conversão”, relata.
Embora não informe os modelos que serão importados, Dias ressalta que o foco continuará sendo em produtos premium e lembra que os brasileiros têm interesse particularmente em aparelhos com boa experiência de câmera, funcionalidade em que a Huawei se destaca com o uso de inteligência artificial e pela parceria com a fabricante de lentes Leica.
Outra prioridade da Huawei para o mercado brasileiro em 2020 é o lançamento de novos wearable devices. A empresa oferece atualmente relógios e fones de ouvido inteligentes no País. “Para 2020 a Huawei vai focar bastante em wearables. O objetivo é criar um ecossistema de produtos em torno do smartphone. E buscaremos parcerias com diversas empresas que tenham outros produtos que possam se beneficiar do ecossistema da Huawei”, diz o executivo.
Dólar e fábrica
Sobre a alta do dólar, que encarece a importação de produtos, Dias comenta: “A Huawei se prepara para que esse tipo de flutuação cambial não altere o preço de ponta para o consumidor final. Estamos sempre de olho. Temos alguns mecanismos financeiros e contratos para mitigar oscilações do câmbio.”
O executivo não comentou sobre planos de construção de uma fábrica no Brasil para a produção de smartphones. No ano passado, o governador de São Paulo, João Doria, chegou a anunciar que a Huawei investiria em uma fábrica no estado, mas a companhia chinesa disse, à época, que se tratava ainda de algo em estudo.
Desenvolvedores
Paralelamente, a Huawei quer atrair desenvolvedores brasileiros para adaptarem seus apps usando o Huawei Mobile Services (HMS), conjunto de ferramentas e SDKs oferecidos pela chinesa, similar ao Google Mobile Services. Isso permite que eles sejam disponibilizados na loja de aplicativos da Huawei, sendo distribuídos através dos smartphones da fabricante no mundo inteiro.
A loja de aplicativos da Huawei não cobra taxa de cadastro do desenvolvedor, ao contrário da Google Play e da App Store. Além disso, já opera em Reais e entrega 70% da receita obtida para o publisher do aplicativo.
No mundo, a loja da Huawei tem 390 milhões de usuários ativos mensais, 1,2 milhão de apps em catálogo e mais de 1 milhão de desenvolvedores. Fora da China, soma 1 bilhão de downloads por mês.
Além do uso do HMS e da loja, a empresa quer estimular os desenvolvedores a adaptarem seus apps para que seu conteúdo seja aproveitado pelo Huawei Assistant, solução de assistente pessoal nos smartphones da companhia que realiza recomendações para os usuários.