A alta do dólar está forçando os fabricantes de celulares a renegociarem os preços acertados com operadoras, distribuidores e redes varejistas no Brasil. Embora a maioria dos produtos seja montada no País, uma parcela significativa dos componentes são importados. Além disso, os fabricantes trabalham com estoques enxutos de seus insumos, para evitar encalhes. Nos contratos firmados com os grandes compradores é acertada uma faixa de proteção do dólar. Se a cotação da moeda norte-americana ultrapassa o teto limite acertado no contrato, é preciso renegociar o preço. É isso o que está acontecendo agora em quase todos os contratos. Muitos deles têm limites estipulardos abaixo de R$ 3, relata uma fonte de um grande comprador de celulares no Brasil. E nesta semana o dólar fechou a R$ 3,25. Ou seja, se quiserem, os fabricantes podem pedir uma renegociação.
Um primeiro reajuste aconteceu no começo do ano, em um movimento realizado por vários fabricantes. No caso da Apple, os preços na ponta de todas as versões do iPhone 6 e 6 Plus, por exemplo, subiram R$ 300 cada. Agora, há a expectativa de um novo reajuste em abril. "Contudo, se houver um fabricante com uma boa estrutura de hedge e apetite para ganhar mercado, há espaço para conquistar share de forma abrupta no curto prazo", avalia outra fonte também de um grande comprador de handsets. No mercado, comenta-se que a Samsung se encaixaria nesse perfil. "Vai ganhar o jogo quem tiver fôlego financeiro para manter o preço e capacidade produtiva para atender a demanda", diz a fonte.
Histórico
No começo de fevereiro, MOBILE TIME publicou matéria com o gerente de produtos da ASUS no Brasil, Marcel Campos, sobre os efeitos da alta dólar sobre os preços dos smartphones. Na época, a cotação estava em R$ 2,75 e o executivo previa que o pior cenário seria uma subida brusca. Foi exatamente o que aconteceu: em pouco mais de um mês a valorização foi de 18%.