As operadoras móveis não aproveitam todo o potencial dos dados captados por suas redes, alerta Leonardo Vince, diretor de software e serviços da Valid para soluções móveis. Na opinião do executivo, existe espaço para as teles trabalharem com inteligência artificial dados como o deslocamento em massa de seus assinantes pelas grandes cidades ao longo do dia. Isso poderia ser transformado em produtos, ajudando governos a planejar melhor o transporte público, por exemplo, ou assessorando um varejista a escolher o melhor local para abrir um novo ponto de venda.
O executivo da Valid acredita que a baixa utilização se deve a um medo excessivo de infringir leis de proteção de dados, como a GDPR europeia e a LGPD brasileira. Só que é plenamente possível tratar o dados se forma a desenvolver novos negócios respeitando a lei, argumenta.
“As empresas estão mais rigorosas que a própria lei. A GDPR não foi criada para inviabilizar negócios, mas para proteger os indivíduos. Não existe problema em desenvolver negócios com informações de clientes desde que você não individualize os dados”, explica. “Acho que existe um desentendimento sobre o que é usar de maneira adequada os dados de usuários sem correlacionar com os indivíduos. Basta ter responsabilidade sobre esse uso. A operadora não deve manter as informações que não precisa ou dados que identifiquem um individuo. Dentro desses limites a operadora pode usar os dados”, complementa.
Vince propõe ainda que as operadoras usem inteligência artificial para aprimorar seus próprios produtos e inventar novas funcionalidades para os mesmos. E lembra também da utilidade em casos de fusões e aquisições, para integrar da maneira mais eficiente os produtos de cada portfólio. “Inteligência artificial pode ajudar a combinar dados das empresas e gerar insights que hoje não existem. Imagine uma empresa que vende CRM comprando outra de análise de qualidade de rede: juntando essas duas tecnologias diferentes e compartilhando o histórico de dados é possível gerar valor”, comenta.