Atualmente, 23% dos assinantes móveis no Brasil têm uma velocidade média de conexão igual ou inferior a 100 Kbps. 42% estão entre 100 Kbps e 1 Mbps e 35%, acima de 1 Mbps. As estimativas são da Ericsson e mostram que o país está muito abaixo do que seria considerado ideal dentro do conceito de "cobertura por aplicação", adotado pela fabricante para indicar se a cobertura de um determinado local atende à demanda do usuário, de acordo com o serviço que está utilizando. Para mensagens de texto e leitura de emails, 100 Kbps seriam suficientes. Para música e bate-papo em tempo real, a necessidade sobe para 1 Mbps. E para a transmissão de vídeo, o ideal é uma velocidade de 10 Mbps (veja gráfico acima). "App coverage é onde o telefone funciona de maneira adequada para aquela aplicação", explica Clayton Cruz, diretor de banda larga móvel da Ericsson para América Latina. "Para um smartphone, ter throughput pior que 100 Kbps equivaleria a uma queda de chamada na voz", compara.
De acordo com Cruz, hoje o cenário ideal seria que menos de 1% dos assinantes navegassem em velocidades abaixo de 100 Kbps e 90%, acima de 1 Mbps. E essa necessidade vai subir, conforme cresce a demanda dos usuários por serviços multimídia nos smartphones. A Ericsson prevê que em 2016 o ideal seria ter metade dos assinantes móveis com velocidades entre 1 Mbps e 10 Mbps e a outra metade, acima de 10 Mbps. "Esperamos que não haja mais ninguém com menos de 1 Mbps", diz Cruz.
Grosso modo, os cortes na pesquisa da Ericsson equivalem àqueles das gerações das redes celulares. Para 10 Mbps é preciso uma rede 4G; para 1 Mbps, 3G; e para 100 Kbps, 2G.
Investimento
Cruz entende que o espectro disponível hoje para as operadoras brasileiras é suficiente para dar conta da demanda. Mas a médio e longo prazo será necessário alocar mais faixas de frequência para banda larga móvel. No seu entender, as operadoras deveriam investir mais em capacidade e na qualidade das redes atuais. "O grande desafio da app coverage é garantir a cobertura em ambientes fechados. É preciso trabalhar com Wi-Fi e small cells", comenta.
Uma recente pesquisa conduzida pela Ericsson mostra a performance de rede como o item mais importante em uma operadora móvel na opinião do consumidor brasileiro, apontado por 20% dos respondentes, à frente de "planos e tarifas" (10%) e suporte (9%).