Atualmente, entre 45%-50% dos pedidos de benefícios da previdência social são processados e concedidos de forma automatizada, sem fila, por meio digital. O aplicativo Meu INSS (Android, iOS) possui 75 milhões de acessos por mês, contabiliza 25 milhões de instalações e oferece 120 serviços digitais. Os dados foram compartilhados por Flavio Ronison Sampaio, diretor de produtos e soluções da Dataprev, em sua participação no Rio Innovation Week nesta terça-feira, 13, no Rio de Janeiro.

Sampaio comentou sobre os três aplicativos mais relevantes da Dataprev: Meu INSS, Carteira de Trabalho Digital (Android, iOS) e CadÚnico (Android, iOS).

No caso da Carteira de Trabalho Digital e Previdência Social (CTPS Digital), são 45 milhões de instalações, 62 milhões de acessos por mês e 60 serviços disponíveis. De acordo com o diretor de produtos e soluções, atualmente, entre 75% e 80% dos pedidos de seguro desemprego são concedidos em menos de cinco cliques ou em menos de 1 minuto, pelo aplicativo.

“É óbvio que ainda existe um processo, necessário, que passa por questões indispensáveis como a questão da perícia médica, por exemplo. A gente concede abono salarial e chegamos a ter mais de 25 milhões de acessos em três dias”, comentou.

Quanto ao CadÚnico, o filho mais novo dos apps (lançado em 2022) da Dataprev, são 2,6 milhões de acessos ao mês, 12 milhões de apps instalados e mais de 12 serviços digitais. “Ele está em processo de renovação”, contou.

De acordo com Sampaio, os três principais aplicativos da Dataprev representam mais de 90% dos acessos a serviços sociais do governo federal.

Dataprev

Apresentação de Flávio Sampaio sobre aplicativos da Dataprev. Foto: Isabel Butcher/Mobile Time

Infraestrutura Nacional de Dados

Sampaio contou que a Dataprev – em seus quase 50 anos de história – trabalha para a construção de uma Infraestrutura Nacional de Dados (IND) integrados e cruzados com outras bases.

Ou seja, não basta armazenar os dados. A integração e a conexão dessas informações são essenciais para o bom uso do material.

“Percebemos nos últimos anos que o armazenamento de dados é apenas uma forma de fazer essa integração e vimos a importância da conexão com o dado. Temos um grande ecossistema de dados e, a partir dele, implementamos uma série de políticas públicas. E essa estrutura foi criada dentro de uma lógica que é: armazenar, integrar, conectar e disponibilizar essas informações em um formato de plataforma sobre a qual é possível implementar políticas públicas”, resumiu.

Segundo consta na página de Governo Digital, a “Infraestrutura Nacional de Dados é um conjunto de normas, políticas, arquiteturas, padrões, ferramentas tecnológicas, ativos de informação e talento gerido por diversos órgãos”. Seus eixos são: governança de dados, interoperabilidade, catálogo de bases de dados, privacidade e segurança e informações geoespaciais.

A proposta da IND é fazer a integração de dados dos vários clientes da Dataprev – ministérios, institutos, procuradorias e departamentos governamentais do País – de modo a transformar dados em ativos estratégicos da sociedade, viabilizar serviços públicos personalizados, colocar em prática políticas públicas, entre outras.

A solução permitiu, por exemplo, disponibilizar rapidamente o Auxílio Reconstrução, programa federal para famílias e empresas afetadas pelas enchentes no Rio Grande do Sul, e que pode ser feito em cinco dias.

Não à toa, Sampaio comentou também que a Dataprev foi acionada para orquestrar auxílios para famílias que moram no Pantanal e estão sofrendo com os incêndios.

Em conversa com Mobile Time, o diretor  relembrou que modelos anteriores que visavam um único concentrador de dados não foram adiante.

“Vários modelos, especificamente de oito anos atrás, falharam porque tentavam concentrar e armazenar tudo num só lugar. O que a gente percebeu, e esse modelo não foi implementado pela Dataprev, foi que o armazenamento e a integração dentro de um provedor é necessário, mas o importante é a conexão e a integração desses dados”, explicou.

Assim, o dado continua sendo produzido por quem é de direito e no local que está acostumado. Essa é a ideia geral da IND (Infraestrutura Nacional de Dados), defendida pela Dataprev.

“A questão é como o dado se integra à IND, como ele agrega valor a essa integração e devolve não só para aquele local, mas para os outros também. Então, no conceito da implementação da IND, na sua essência, não existe um concentrador, mas, sim, provedores que vão organizar as informações – e aí o IBGE pode ser um, o Serpro pode ser outro, a Dataprev pode ser outro – cada um dentro das suas competências, mas essa grande infraestrutura se conecta, se integra e gera valor para as políticas públicas, que é o que vai determinar como o dado será usado e aplicado. Nossa responsabilidade vai ser organizar os dados e disponibilizar para que eles possam ser usados”, resumiu.

Dataprev e a nuvem soberana

Sampaio lembrou ainda que a Dataprev está em busca de sua nuvem soberana. Sua concepção envolve quatro big techs: Huawei – com a qual já assinou contrato – além de AWS, Google e Oracle. Com essas a empresa está em fase final de negociações. Trata-se, como explicou o diretor, de um “conceito inovador de broker de nuvem”.

A ideia é que a infraestrutura digital seja pública, e que as nuvens operem dentro dos datacenters da Dataprev, e sem depender de armazenamento dessas empresas estrangeiras, garantindo que o dado permaneça no Brasil, com uma  maior garantia de que os dados e as infraestruturas estão com um menor risco de controle de atores externos. 

“O contrato (com uma empresa que vai oferecer os serviços de nuvem) não torna uma nuvem soberana. É um pedaço de papel de um compromisso assumido. O que torna uma nuvem soberana são os requisitos técnicos e operacionais que a gente estabelece e que estão refletidos no contrato, mas que são estabelecidos para que se garanta que, sob qualquer condição, a empresa que está prestando serviço público possa ter o controle sobre aquela operação. Se eu perder uma conexão com esse provedor, o INSS não pode parar, a Carteira de Trabalho não pode parar”, explicou. “Existe uma garantia de que elas (as nuvens) operem dentro dos nossos datacenters. E existe uma garantia física de que os dados estão aqui (no Brasil) e garantias lógicas de que esses dados serão operados por nós”, complementou.