Com o desempenho insatisfatório no terceiro trimestre divulgado na semana passada, a pressão interna no conselho de administração da Telecom Italia ficou insustentável e culminou na demissão de Amos Genish da presidência da companhia nesta terça-feira, 13. Em comunicado, a companhia afirma que, em reunião ocorrida pela manhã, a maioria da diretoria votou por revogar, com efeito imediato, todos os poderes conferidos ao executivo.

A controladora italiana da TIM Brasil será comandada de forma interina pelo chairman Fulvio Conti até uma nova reunião na próxima semana, dia 18, decidir o nome de um novo CEO. Em comunicado lacônico, a Telecom Italia diz: “A mesa de diretores agradece a Amos Genish pelo trabalho feito no interesse da companhia e todos os seus stakeholders nestes 14 meses de atividade intensa”.

A situação de Genish ficou insustentável na empresa após o desempenho da companhia no terceiro trimestre, no qual um efeito contábil de 2 bilhões de euros deixou a italiana com prejuízo de 0,8 bilhão de euros no período. O executivo foi indicado pela maior acionista da Telecom Italia, a francesa Vivendi, mas já havia descontentamento do segundo maior acionista (mas que controla o conselho), o fundo de investimentos norte-americano Elliot, que preferia uma política de desinvestimento de ativos, incluindo a possibilidade de separação da área de infraestrutura fixa na Itália. O turbilhão interno provocou um racha no conselho de administração, o que gerou rumores constantes da saída de Genish.

Ainda é cedo para determinar o impacto da saída do executivo da italiana na subsidiária TIM Brasil. O fundo Elliot já havia manifestado a preferência pela consolidação no mercado brasileiro, na época com a Oi como maior candidata. Mais recentemente, o conselho de administração da Telecom Italia anunciou que prepara uma proposta para adquirir a Nextel, agora que a Anatel aumentou o limite de espectro sub-1 GHz e sub-3 GHz. As frequências de 1.800 MHz e 2,1 GHz em 3G e 4G (além de 800 MHz ainda com outorga em serviço móvel especializado) são consideradas os principais ativos da Nextel, além da base de clientes.

Antes de assumir a Telecom Italia em setembro de 2017, Amos Genish atuou como diretor-executivo de conteúdo na Vivendi. O executivo israelense veio de uma bem-sucedida temporada no Brasil, onde presidiu a GVT (até então detida pela Vivendi) até sua incorporação pela Telefônica/Vivo. Genish passou então a presidir também a Vivo, liderando a operadora brasileira até 2016.

 

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