Quem utiliza transporte público nas grandes cidades brasileiras já se acostumou com atrasos, vagões lotados, motoristas imprudentes e falta de informação e sinalização por parte das concessionárias de trens e ônibus. Se o poder público e as empresas não melhoram as condições do serviço, os usuários, unidos, podem contribuir trocando informações entre si. Essa é a proposta do moovit, um aplicativo móvel gratuito para Android e iOS que este mês acaba de ganhar uma versão em português voltada para a cidade de São Paulo. Nas próximas semanas será a vez do Rio de Janeiro. E ao longo de 2013 outras oito cidades brasileiras com mais de 2 milhões de habitantes serão beneficiadas com o serviço. A meta da empresa é conquistar 1 milhão de usuários no Brasil até o fim do ano que vem, informa seu CEO, Nir Erez, que conversou por telefone com MOBILE TIME.

O aplicativo serve como um guia de navegação pelo transporte público, mostrando sobre um mapa a localização de pontos de ônibus e de estações de trem e metrô. Informando seu trajeto, o usuário recebe uma recomendação de que meios de transporte pegar. O grande diferencial, contudo, são as informações em tempo real. Baseado no conceito de "crowdsourcing", o sistema por trás do app colhe dados sobre o deslocamento dos usuários e consegue identificar como está o desempenho das linhas de metrô e ônibus em tempo real, sendo capaz, por exemplo, de prever atrasos, sem depender necessariamente de informações oficiais das empresas. Quanto mais gente usando o aplicativo, mais preciso se torna o serviço. Além disso, os próprios passageiros podem enviar informações relevantes em poucos cliques, como alertas sobre a lotação do meio de transporte, ou mesmo sua condição de limpeza e a educação do motorista. Os alertas são visíveis para os outros usuários no mapa. O moovit utiliza mapas fornecidos pela OpenStreetMap, que, segundo Erez, tem informações melhores para navegação a pé do que concorrentes como o Google Maps e o Nokia Maps.

O serviço é totalmente gratuito e Erez promete que será assim para sempre. A monetização virá de três maneiras: publicidade dentro do app; comercialização de dados estatísticos; e, a longo prazo, venda de bilhetes de ônibus e metrô através do app. "Poderemos apresentar publicidade dependendo da destinação do passageiro", diz o executivo. A aposta principal, porém, está na venda de dados estatísticos sobre transporte público. Com uma grande base de usuários, esses dados podem valer milhões de dólares para empresas de ônibus e prefeituras, opina Erez. Ele ressalta que os dados serão tratados de forma coletiva, jamais identificando usuários.

Lançado no exterior há apenas dois meses, o aplicativo está presente em grandes metrópoles, como Nova Iorque, Chicago, Madri e Roma, e já soma 300 mil usuários.  A estimativa é fechar o ano com algo entre 400 e 500 mil e atingir uma base mundial entre 5 e 10 milhões de usuários ao fim de 2013. A vinda para o Brasil faz parte de uma estratégia de expansão para países emergentes. A ideia é testar a mesma plataforma em cidades com cenários completamente diferentes no que diz respeito a transporte público, explica Erez.

Waze

A proposta do moovit lembra aquela de outro aplicativo móvel, o Waze, só que este último é voltado para motoristas de carros. Por sinal, os dois apps são israelenses e um dos criadores do Waze tem assento no conselho do moovit. Erez reconhece que o Waze serviu de inspiração no que diz respeito ao uso de crowdsourcing para analisar as condições do transporte público, mas ressalta que a tecnologia por trás é diferente. Sobre o surgimento de apps de trânsito inovadores em Israel, comenta: "Há uma atmosfera de empreendedorismo em Israel que leva as pessoas a criarem soluções para os problemas que encontram. Temos a tecnologia e um povo interessado em novidades. Israel é a terra das start-ups".

 

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