Recentemente, a UIT declarou que a Internet já chega a mais da metade da população mundial (a estimativa da entidade é de que 2018 se encerre com 3,9 bilhões de pessoas conectadas, ou 51,2% da população global), mas o Visual Network Index (VNI) da Cisco divulgado esta semana é mais conservador. A companhia afirma que esse percentual ainda era de 45% em 2017. De toda forma, prevê que a quantidade de usuários chegará a 4,8 bilhões de pessoas em 2022, o que representará 60% da população mundial.

O diretor do segmento de operadoras da Cisco Brasil, Hugo Baeta, comentou a este noticiário que não tem como avaliar os dados da UIT ou a metodologia utilizada, mas reitera que o VNI é publicado desde 2005. “Durante este longo histórico, o estudo mostrou um ótimo grau de acerto”, destacou, citando a metodologia da empresa.

No Brasil, a previsão é de que haja 191 milhões de pessoas conectadas em 2022, ou 88% da população. De acordo com a empresa, em 2017, eram 154 milhões de usuários, ou 73% da população. Os números diferem dos divulgados em julho pelo Cetic.br, na pesquisa TIC Domicílios 2017. Segundo o levantamento, o Brasil contava com 120,7 milhões de usuários de Internet no ano passado, ou 67% da população brasileira. A respeito dessa diferença, Baeta disse que os dados da Cisco levam em consideração a população aproximada do País entre 209 e 210 milhões de pessoas, mas disse não ter acesso a detalhes do estudo TIC Domicílios.

Em termos de dispositivos, o VNI estima que haverá 28,5 bilhões entre aparelhos fixos e móveis daqui a quatro anos, contra 18 bilhões em 2017. A relação de dispositivos/conexões por pessoa subirá de 2,4 para 3,6 no período. No Brasil, serão 724,2 milhões de dispositivos conectados, contra 500,3 milhões no ano passado, e uma relação de 3,3 aparelhos por pessoa (contra 2,4 per capita em 2017).

Contudo, mais da metade desses aparelhos serão de máquina-a-máquina (M2M) em 2022, contra 37% em 2017. Serão 14,6 bilhões de dispositivos de Internet das Coisas, enquanto no ano passado eram 6,1 bilhões. No Brasil, os acessos M2M serão 45% do total (326,1 milhões), contra 29% em 2017. Neste caso, há uma grande discrepância em relação à base reportada pela Anatel em dezembro do ano passado. Somando os acessos M2M Especial e Padrão, havia cerca de 15,22 milhões de conexões, o que representava apenas 6,44% do mercado de acessos móveis. No entanto, Baeta esclarece que o estudo da Cisco leva em consideração não apenas aparelhos M2M conectados à rede móvel, “mas também com as [frequências] não licenciadas, englobando o espectro completo de aplicação e casos de uso M2M”.

Tráfego e velocidade

O estudo prevê que a tendência do tráfego é de continuar crescendo. Segundo a Cisco, em 2022, o tráfego IP nas redes globais vai ultrapassar todo o volume trafegado na Internet entre 1984 e 2016. Serão 4,8 zettabytes de tráfego por ano daqui a seis anos, ou 396 exabytes por mês. Isso significa que esse volume triplicará em relação a 2017, quando o tráfego IP mensal era de 122 exabytes.

O estudo afirma também que o tráfego da Internet em horário de pico crescerá cinco vezes (com crescimento médio anual composto de 37%) entre 2017 e 2022, atingindo 7,2 petabytes por segundo ao final do período. O tráfego médio de Internet crescerá quatro vezes (CAGR de 30%) e encerrará 2022 chegando a 1 PBps.

Em conexões Wi-Fi, as médias sairão de 24,4 Mbps para 54 Mbps. Já nas conexões móveis, a velocidade sairá de 8,7 Mbps para 28,5 Mbps. E a velocidade média da banda larga fixa no mundo quase duplicará, saindo de atuais 39 Mbps para 75,4 Mbps.

No Brasil, a média de velocidade da banda larga fixa crescerá 2,2 vezes, segundo a Cisco, mas ainda ficará significativamente abaixo da média global. A conexão brasileira sairia de 13,2 Mbps em 2017 para 29 Mbps em 2022. Considerando apenas o Wi-Fi, sairia de 9,3 Mbps para 16 Mbps, um avanço de 1,8x. Por sua vez, no acesso móvel, haverá um aumento de 3x, atingindo 20 Mbps em 2022.

Conteúdo

Grande parte do tráfego será destinado a conteúdo de entretenimento. Vídeos, games e multimídia somados representarão 85% dos dados nas redes em 2022. Somente o tráfego IP de vídeos quadruplicará em 2022, chegando a 82% do total, contra 75% atuais. No Brasil, essa proporção do vídeo será maior ao final do período: 85%, após aumento de duas vezes em relação a 2017, chegando a 5,9 exabytes.

Já os jogos eletrônicos deverão representar 4% do total mundial, crescendo nove vezes no intervalo. No Brasil, serão 3% de todo o tráfego, após aumento de quatro vezes. Por fim, o tráfego global de realidades virtual e aumentada, atualmente de 0,33 exabytes/mês, chegará a 4,02 exabytes/mês em 2022.

 

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