| Publicada no Teletime | A Claro tem pressa para iniciar os serviços de 5G nas novas frequências. Em entrevista a Teletime, Paulo César Teixeira, CEO da Claro para o segmento de consumo e pequenas e médias empresas, diz que é importante que, respeitadas as condições do edital, seja possível antecipar o uso das novas faixas, sobretudo da faixa de 3,5 GHz. A empresa planeja sair do patamar de cerca de 1 milhão de terminais já preparados para o 5G combinando as frequências adquiridas no leilão com outras frequências em que já opera o 5G DSS, e indica que, num primeiro momento vai seguir utilizando a rede non-standalone na oferta dos serviços.
“Fomos os primeiros a entregar o 5G DSS e estamos na perspectiva de atender todo o tráfego adicional do próximo ano já com 5G, pelo menos nos grandes mercados. A ênfase é que todo o tráfego novo já seja no 5G. Queremos ter 1 milhão de aparelhos 5G na nossa base até o final do ano e uma vez ativada a rede em 3,5 GHz já vai ter tráfego. Temos a expectativa de antecipação dos prazos inicialmente previstos. Gostaríamos de poder usar essas redes o mais rápido possível”, disse o executivo a Teletime.
“Não faz sentido fazer investimento para aumento de capacidade na tecnologia anterior. Queremos fazer isso com 5G, evidentemente cumprindo os requisitos”. Segundo o executivo, tão logo a rede (em 3,5 GHz) esteja em operação, os clientes com celulares aptos poderão ter a experiência em 5G. “A rede standalone vem mais para frente, porque para ter a dimensão que se quer, precisa evoluir em relação aos terminais. O iPhone 13 está preparado para ser standalone, mas precisa ser atualizado. O non-standalone cumpre um papel super relevante e a experiência de uso vai ser inclusive melhor porque você vai ter velocidades maiores do que com a rede standalone, pois vamos poder fazer uma combinação de frequências do leilão, por exemplo o 3,5 GHz, com as frequências atuais e fazer carrier aggregation e através do ‘dual connectivity'”, diz Paulo César Teixeira.
Segundo ele, só com a banda do leilão (3,5 GHz) é possível atingir velocidades de 1 Gbps, mas quando se agrega as outras frequências, chega-se a quase 2 Gbps – em testes na última etapa da Stock Car neste domingo, a Claro chegou a 1,5 Gbps com agregação de portadoras de 3,5 GHz e 2,3 GHz. “Aproveitando todo o legado conseguimos ter uma entrega muito superior”, diz ele, lembrando que o enhanced Mobile Broadband será o primeiro serviço. “A escassez de componente fez com que a indústria tivesse que optar por uma tecnologia, então todos os fabricantes estão vindo com produtos 5G numa dimensão muito maior”.
Ele explica que o 5G também abre outras perspectivas de serviços para o mercado corporativo, e que essa estratégia está sendo desenhada em conjunto entre Claro e Embratel. “As aplicações com B2B virão com o tempo. A Claro consumo e a Claro corporativa (Embratel) trabalham em conjunto para identificar essas demandas e temos um Capex reservado para esse tipo de demanda”.
Banda larga fixa
Na entrevista, Paulo César Teixeira comenta ainda a estratégia da empresa no mercado de banda larga, hoje sob disputa agressiva com os ISPs e a novidade dos operadores de redes neutras. A estratégia da Claro, contudo, é manter uma ampliação criteriosa, agregando 300 novas cidades às 200 em que já operava e preferencialmente com redes próprias. “Na banda larga fixa, temos a maior rede no Brasil e que está presente em 300 cidades. As empresas que entraram onde a Claro não estava ganharam maior dimensão. Estamos acelerando os investimentos para chegar a 500 cidades. Repensamos a estrutura dessa rede e ampliamos o componente de fibra e duplicamos a velocidade da rede. E estamos entrando em pequenos e novos mercados para ter um geografia melhor”, diz ele.
“Nossos investimentos são próprios, sem parcerias, e com foco na oferta multiplay. Tem a possibilidade de usar a infraestrutura neutra que está disponível, mas a nossa ênfase é no crescimento orgânico e sem compartilhar a nossa rede”. O executivo avalia que o mercado de banda larga já atingiu um patamar de valorização muito elevado e que a tendência é um processo de consolidação, inclusive por conta da competição das grandes operadoras”.
Economia e perspectivas para 2022
O cenário econômico para 2022 é um fator de preocupação para a Claro. “Vivemos o impacto da questão inflacionária e redução da renda nas classes C, D e E. Ano passado, com o auxílio, havia um conforto, mas hoje a pressão é muito maior, a inflação pressiona o consumo de outros bens e isso concorre com telecomunicações. Com o novo auxílio, será necessário ver como que é o comportamento para que as pessoas possam manter o consumo dos serviços. A gente faz tudo para dar ao consumidor alternativas para se manter na base”, diz ele.
Um fato positivo é a perspectiva de redução da carga tributária do setor, aponta. “A redução de ICMS foi muito positivo e traz um ganho expressivo para o consumo de telecom. Caindo o imposto, o preço do consumidor tende a se reduzir. Mas temos o aumento dos custos sendo pressionados pela inflação”.
“Para 2022, a perspectiva do 5G traz algo novo, a perspectiva de novos serviços e uso do espectro. Queremos trazer outros segmentos para poder trazer mais receitas. Essa perspectiva é única e vamos entrar em áreas em que antes não o fazíamos”, avalia Paulo César Teixeira. “O leilão não arrecadatório dá um pouco mais de conforto no caixa das operadoras para entrar em outras áreas e novos mercados”, conclui.