Dizem que tamanho não é documento, mas no mercado de smartphones essa premissa é cada vez menos verdadeira. Na época de Steve Jobs, a Apple batia o pé que a tela de 3,5 polegadas dos iPhones de então eram o tamanho suficiente. Quatro anos e muita pressão do mercado depois, temos o iPhone 6 Plus, um monstro de 5,5 polegadas que, enquanto mantém vários aspectos do design tradicional, maximiza tudo a ponto de ainda causar estranheza quando visto em público. Ah, e tem aquele ponto importante e que é bem particular para o Brasil: o preço exorbitante.

É importante porque independe de onde o aparelho veio. Se você pensa em comprar um 6 Plus, a chance é que você ou está realmente disposto a comprar no Brasil (talvez com algum subsídio de operadora) porque é fã da marca e tem condições financeiras; ou porque você tem oportunidade de viajar para fora do País e comprar com preço mais camarada. O preço de entrada para o modelo brasileiro desbloqueado é de R$ 3.899 na versão 16 GB, podendo chegar até R$ 4.699 na versão de 128 GB, que foi exatamente a enviada para testes deste noticiário. De qualquer forma, quer tenha comprado fora ou aqui, não muda o fato que as pessoas vão olhar (muito) para seu celular quando você o tira do bolso em público. E certamente é bom ficar atento se estiver em locais perigosos, pois a atenção pode ser também de sujeitos mal intencionados.

Passado esse fator sócio-econômico-cultural, vamos ao aparelho em si: é um iPhone. É uma afirmação óbvia, mas também verdadeira e que resume bem o dispositivo. A experiência que você tem no 6 Plus é basicamente a mesma. Em quesito software, o iOS 8 é quase a mesma coisa que se encontra nos demais aparelhos. A diferença maior é que esse modelo oferece visualização da área de trabalho em formato horizontal, algo antes presente apenas nos iPads. O teclado também mostra agora mais opções de teclas, algo que pode até dificultar se você não estiver disposto a se acostumar. Há alguns engasgos, em especial com a rotação da tela, talvez porque o aparelho ainda precise conviver com apenas 1 GB de RAM, mas nada que diminua a experiência.

Hardware

O que muda muito na usabilidade em relação a modelos anteriores, claro, é o tamanho da tela. Nem é a maior do mercado – há Androids por aí com tela de quase 6 polegadas, como o Nexus 6 (ainda sem previsão de venda no Brasil). Nem a de maior resolução: é Full HD, mas há concorrentes com tela Quad HD, como o Moto Maxx. Mas como foi mantida a identidade visual do smartphone da Apple com as mesmas proporções no topo e na parte inferior, onde fica o botão Home, o bicho fica com 158,1 mm de altura. Ou seja, não é só o preço que não cabe em qualquer bolso.

Mas para mãos relativamente grandes, o aparelho traz boa experiência. O acesso facilitado com o duplo toque no botão Home ajuda, mas saiba que o iPhone 6 Plus é para ser usado com duas mãos mesmo. Como sempre, a resposta ao toque na tela é incrível, e os cantos levemente arredondados deixam a interatividade bem confortável. Apesar de reclamações de que a espessura diminuta (7,1 mm) prejudica a sensação de segurança na hora de manuseá-lo, ainda é melhor tê-lo dessa forma do que com um case, que o deixa ainda maior do que já é.

Há ainda o famoso caso "Bend Gate" – iPhones que entortam no bolso. Não aconteceu na unidade testada, embora isso possa dar certa paranoia de ter que tirar o aparelho a cada vez que se senta em algum lugar. Aí sim, o uso de uma capinha, por conta dessa condição, pode ajudar muito a prevenir algo do tipo. Mas a questão é que, sob uso normal em quase um mês, não houve qualquer sinal de que o 6 Plus estivesse se curvando.

Vale ressaltar a qualidade da câmera. As fotos continuam com 8 megapixels, mas todo o resto foi aprimorado e agora há estabilização ótica de imagem – apenas para fotos, vale ressaltar. Em vídeos, há estabilização digital, que é bem competente. E ele filma em 60 fps (quadros por segundo) em velocidade normal ou em câmera lenta de até 240 fps. Isso compensa o fato de não filmar em 4K, mas não deve demorar até que um novo iPhone apareça com esse recurso.

Conclusão

A Apple certamente não precisaria praticar preços tão altos e poderia se valer de uma imensa popularização da marca se vendesse os aparelhos com custo compatível com a concorrência. Ao mesmo tempo, ela tem investido em publicidade no País de forma inédita, com comerciais na TV e banners espalhados em pontos de ônibus e relógios digitais nas cidades, o que indica que há pelo menos alguma intenção de torná-la mais popular, embora continue ainda extremamente elitista. Mas o fato é: a companhia de Cupertino continua sabendo fazer um ótimo smartphone. Dessa vez, ela fez o melhor de todos, se você estiver disposto a encarar todo o exagero agregado.

 

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