O blockchain tem potencial para se tornar a tecnologia de registro da era da Internet, prevê Gladstone Arantes, líder técnico da iniciativa de blockchain no BNDES. “Toda sociedade precisa de uma plataforma de registros. O blockchain, como framework de registros, pode acelerar e aumentar o impacto da Internet”, comentou o executivo de TI, durante seminário sobre blockchain organizado pelo banco de desenvolvimento nesta segunda-feira, 14, no Rio de Janeiro.
Arantes identifica quatro principais casos de uso para blockchain no mundo: 1) integração entre sistemas corporativos de diferentes empresas; 2) serviços financeiros (tanto para tokenização de produtos, o que facilita a sua globalização, quanto para a inclusão financeira); 3) aumento da transparência e da eficiência de órgãos governamentais; 4) contratos inteligentes.
O executivo citou uma série de exemplos de possibilidades de usos de blockchain por governos, desde o registro de identidades, até a emissão de certificados e a assinatura de contratos. “Emitir um diploma ou certificado é difícil, pode levar meses no Brasil. Com blockchain é rápido. Algumas universidades ao redor do mundo estão fazendo isso, como o MIT”, relatou.
O blockchain também pode ser útil em situações extremas, como em guerras. Na Síria, muitos documentos governamentais foram destruídos durante a guerra civil. Se fosse usado blockchain, eles não teriam sido perdidos.
Arantes descreve o blockchain como uma tecnologia “institucional”, por seu potencial de transformação digital de instituições. E enxerga potencial para o blockchain ajudar no cumprimento de diversas metas da ONU para o desenvolvimento sustentável do planeta, nas mais variadas áreas, tanto de forma direta quanto indireta.
BC e Somália
Durante o seminário, foram apresentados alguns cases de uso governamental de blockchain ao redor do mundo. Na Somália, a tecnologia está sendo implementada para o registro de terras, por exemplo.
No Brasil, o Banco Central, em parceria com a Susep e com a CVM, está usando blockchain para agilizar a troca de documentos e de autorizações entre as entidades, o que está conferindo maior agilidade em diversos processos que antes levavam semanas e eram feitos com papel. Gabriela Ruberg, executiva do Banco Central e uma das líderes na implementação do projeto, destacou as dificuldades técnicas de implementar a novidade mantendo os sistemas legados das instituições e também os obstáculos de ordem cultural, ou seja, convencer profissionais de diferentes áreas sobre os benefícios do blockchain. Ela citou especificamente a necessidade de mudar a cabeça dos departamentos jurídicos, pois gasta-se muito tempo para discutir pequenas mudanças.
BNDES
Vale lembrar que o novo presidente do BNDES, Joaquim Levy, ressaltou durante a sua posse, na semana passada, o fomento à transformação digital do setor público com