| Publicada no Teletime | Em carta conjunta divulgada nesta segunda-feira, 14, os CEOs das operadoras europeias Telefónica (controladora da Vivo), Deutsche Telekom, Vodafone e Orange fizeram um “apelo” para que as grandes plataformas de conteúdo contribuam com o custo da infraestrutura digital no continente.

A mensagem mira empresas de streaming de vídeo, jogos e mídias sociais que seriam responsáveis por mais de 70% do tráfego registrado pelas teles. Segundo o quarteto, mesmo com investimentos maciços realizados no bojo da pandemia de Covid-19, a situação atual não seria sustentável diante da maior demanda por redes móveis e fixas.

“A carga de investimento deve ser compartilhada de forma mais proporcional”, defenderam as operadoras europeias. “As plataformas digitais estão lucrando com modelos de negócios de hiperescala a baixo custo, enquanto as operadoras de rede arcam com os investimentos necessários em conectividade. Ao mesmo tempo, nossos mercados de varejo estão em declínio perpétuo em termos de lucratividade”.

Regulação

Na carta, as próprias teles admitem não estarem em condições de negociar termos para um relacionamento mais justo com as gigantes de Internet, visto as fortes posições de mercado (e de poder de barganha) das empresas de aplicações e conteúdo. “Consequentemente, não podemos ter um retorno viável de nossos investimentos significativos, colocando em risco o desenvolvimento da infraestrutura”, alegaram as operadoras Telefónica, Deutsche Telekom, Vodafone e Orange.

Na visão das empresas de telecom, a saída passa por condições regulatórias equitativas. Mudanças neste sentido estariam em discussão na Coreia do Sul (impulsionada por litígio após o aumento no tráfego causado pela série Round 6) e nos Estados Unidos, onde o quarteto de teles enxerga “formuladores de políticas se movendo em direção ao serviço universal também financiado por plataformas digitais”.

Já na Europa, a ideia que todos os beneficiários da digitalização contribuam de forma “justa e proporcional” para o custo da infraestrutura já teria sido adotada como princípio pela Comissão Europeia. “Apelamos agora urgentemente aos legisladores para que introduzam regras no nível da UE para tornar este princípio uma realidade. O relógio está correndo rapidamente, principalmente devido aos enormes investimentos ainda necessários para atingir as metas de conectividade para 2030. Sem uma solução equitativa, não chegaremos lá”

Brasil

No Brasil, discussão semelhante voltou à mesa desde o ano passado, quando a Conexis (representante das principais teles nacionais) defendeu um “novo pacto digital” que corrija eventuais desequilíbrios entre o setor e as empresas de Internet. O pleito, contudo, é focado mais na redução da carga regulatória das teles do que na contribuição financeira das usuárias da rede.

 

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