| Publicada originalmente no Teletime | Encarado como segmento de grande potencial pelas empresas de telecom, o sensoriamento de serviços públicos para habilitação de cidades inteligentes também têm revelado uma série de desafios – a começar pelo diálogo com uma base muito fragmentada de municípios e pela própria formatação de projetos.

O tema foi um dos pontos em debate no Painel Telebrasil Innovation, promovido pela Conexis em São Paulo nesta quarta-feira, 14. Na ocasião, um dos principais executivos do setor no Brasil – o CEO da Claro, José Félix – admitiu que o processo decisório em administrações municipais é tão difícil que a empresa cogitaria até mesmo deixar a vertical de lado, mesmo com o “potencial teoricamente enorme” das smart cities.

Um desafio da mesma ordem também foi colocado pela Huawei, que atua como fornecedora em uma série de projetos. “No Brasil, as cidades trabalham de forma isolada e demoram muito tempo para replicar casos de uso que já foram sucesso em outra cidade”, resumiu o diretor de cibersegurança e soluções da Huawei, Marcelo Motta.

“As camadas de trocas de experiências não estão bem formatadas”, completou ele, traçando um paralelo com o planejamento estratégico federal realizado com sucesso na China. No Brasil, projetos como Fórum Inova Cidades da Frente Nacional de Prefeitos (FNP) e iniciativas como a Colab buscariam aproximar boas experiências, apontaram especialistas.

Ecossistema

Para o diretor de receitas da Ligga Telecom, Rafael Marquez, a raiz do desafio das smart cities não é a tecnologia nem a disponibilidade de infraestrutura de cobertura – mas sim o ecossistema e como “simplificar” ofertas. Avaliação similar foi feita pela TIM, que aposta em soluções fim a fim e como serviço como forma de crescer na vertical, segundo o diretor de IoT e 5G na operadora, Paulo Humberto Gouvea.

“Cada cidade investir em aquisição com risco de propriedade e de obsolescência não é um modelo ideal, ainda mais com a tecnologia mudando tão rapidamente”, afirmou o executivo da TIM ao Teletime. Gouvea relata que hoje, parcerias permitem que a operadora ofereça desde a conectividade até devices para projetos de iluminação pública inteligente, passando também pela plataforma de gestão e pela integração.

Dessa forma, a TIM já estaria comprometida com a conexão de mais de 100 mil luminárias em diferentes cidades – entre pontos já ativos e aqueles contratados. Curitiba, Porto Alegre, Petrolina (PE) e Santa Luzia (MG) são locais onde a empresa participa atualmente de implementações. No Rio de Janeiro, outros serviços de cidades inteligentes – como mapas de calor – estariam em uso há vários anos, nota Gouvea.

Já Marquez, da Ligga, apontou potencial a ser explorado para projetos de cidades inteligentes em municípios de diferentes portes, para além das maiores praças do País. Segundo o executivo, uma série de pilotos na área têm sido atualmente trabalhados pela empresa, também detentora de licenças 5G.

No Paraná, o horizonte de disponibilidade de recursos para financiamento e a proximidade de muitas cidades com a atual gestão estadual seriam motivos para otimismo com a vertical. Já em Manaus, a Ligga tem trabalhado em projeto de luminárias 5G inteligentes em polo industrial ao lado da ABDI.

 

 

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