| Publicada originalmente no Teletime | A Anatel está otimista com a adoção do mecanismo do Stir/Shaken, agora chamado de Origem Verificada, ainda que, aparentemente, haja um caminho razoável até que ele possa ser apresentado formalmente ao público e começar a ser utilizado pelas empresas de teleatendimento. Segundo Gustavo Santana Borges, superintendente de controle de obrigações, o sistema já tem sido testado com todos os principais bancos brasileiros.

Diogo Della Torres, coordenador do projeto pela Conexis, informa que  já há 33 operadoras de telecom que estão se integrando à plataforma, sendo que destas, há 17 prontas para operar.

Empresas contratantes e em negociação para o Origem Verificada

O serviço, que será operado pela ABR Telecom e comercializado ao setor de telemarketing como alternativa para evitar a identificação das chamadas com o prefixo 0303, prevê que haverá, na tela do smartphone, uma informação autenticada de quem faz a ligação. É a resposta que a agência pretende dar ao problema de chamadas abusivas e fraudes por telefone.

Segundo a conselheira da Anatel, Cristiana Camarate, as pesquisas evidenciam que, ao ter a informação de quem está ligando e qual a razão, o consumidor fica mais propenso a aceitar a chamada. Para Gustavo Borges, “é uma camada de segurança e certificação adicional que estimula boas práticas. Mas como não é um serviço universal, não é bala de prata, precisa ainda cuidar da divulgação do serviço, coibir numeração irregular, realizar bloqueios etc”, diz ele.

Mas o projeto não é barato: custa, na escala atual de chamadas previstas, cerca de R$ 100 milhões ao ano, em um contrato que tem a Cleartech como principal fornecedora da solução, valor esse que será repassado às empresas de call center (ou seus clientes).

Maior mudança desde 2008

Mas há uma boa quantidade de desafios a serem vencidos. A começar pelo comercial. Os grandes usuários de sistema de telechamadas ou as empresas de call center precisam se motivar. Nesse sentido, John Anthony von Christian, diretor executivo da ABT (Associação Brasileira de Telesserviços), as empresas estão “ansiosas e preocupadas para ver o “Origem Verificada” funcionar e querem que o serviço comece o quanto antes. Segundo o dirigente, o modelo de identificação com 0303 provocou uma queda drástica na efetividade das chamadas, que é o que remunera o setor de teleatendimento, o que teria gerado mais de 60 mil demissões. Daí surgiu a ideia do Stir Shaken, diz ele.

Segundo Adeilson Evangelista Nascimento, responsável pelo projeto dentro da Anatel, entre os desafios de implementação estão não apenas o problema da quantidade de smartphones aptos. Esse é de fato um problema, diz ele, mas o principal fabricante já iniciou o processo de atualização de firmware, diz, e o segundo maior fabricante prometeu fazê-lo até o final do ano.

“É a maior alteração no sistema de chamadas das operadoras desde a portabilidade, em 2008. É preciso cuidar de questões jurídicas, de contratação, de atualização de sistemas, de alterações na rede de sinalização”, diz ele. “Tem que ser um serviço funcional”, diz. A expectativa da Anatel é, em pouco tempo, poder fazer o anúncio formal do funcionamento da plataforma e iniciar  a divulgação à sociedade.

Até lá, diz Gustavo Borges, as chamadas abusivas encontram outras formas de atuar, como marcações de numeração feitas no exterior, o que certamente exigirá da Anatel outras ações de bloqueio em breve.