O Brasil possui características atraentes para a construção de data centers, especialmente do ponto de vista energético. É o que avalia Fernando Jaeger, diretor de vendas e novos negócios da ODATA, empresa que mantém hoje quatro centros de processamento de dados em São Paulo e um no Rio de Janeiro, todos em constante expansão física para aumentar sua capacidade.
“O Brasil tem uma situação privilegiada, com bastante disponibilidade de energia renovável. Além disso, o sistema brasileiro de energia é interligado, o que não é comum em outros países. Isso nos possibilita gerar energia eólica no Nordeste, onde estão os melhores ventos do mundo, e consumir em nossos datacenters no Sudeste. Nenhum outro país tem esse mesmo potencial”, descreve o executivo, em conversa com Mobile Time.
Atualmente, 100% da energia consumida nos data centers da ODATA é renovável e produzida no parque eólico da empresa, no Nordeste. O consumo em cada unidade tem crescido rapidamente e já equivale ao de uma cidade de médio porte. Cerca de três anos atrás, o consumo era da ordem de 4 a 8 MWh, e agora já está na faixa de 50 a 100 MWh, afirma Jaeger.
Data centers: 5G e IA puxam o mercado
A demanda por data centers está crescendo muito por conta da implementação das redes 5G e também pelo aumento de aplicações de inteligência artificial, avalia o executivo.
Pelas características do seu sistema elétrico, o Brasil tem potencial para atrair mais data centers, inclusive para o atendimento de players estrangeiros, especialmente no caso de treinamento com machine learning, no qual a latência não é um problema.
“Do ponto de vista de energia renovável, as características que temos aqui são únicas no mundo inteiro. O Brasil tem uma superoportunidade de aumentar sua força na economia verde”, completa.
Todavia, há obstáculos, pondera o diretor da ODATA. Um deles é a carga tributária e a complexidade dos impostos. A segunda parte deve melhorar com a reforma tributária que está a caminho. Outro obstáculo pode ser a regulamentação da IA ao redor do mundo. Restrições quanto à localização aonde os dados são armazenados ou processados podem prejudicar a implementação de data centers no Brasil para atendimento ao mercado internacional.
Ilustração: Nik Neves