Nas eleições deste ano, vários candidatos a prefeito estão apostando na adoção do WhatsApp como um canal para incentivar a sua militância. Levantamento feito por Mobile Time nos sites dos 22 candidatos às prefeituras de São Paulo e Rio de Janeiro revela que em 12 deles há espaço para cadastro de simpatizantes com um campo para inserção do seu telefone celular. Dentre estes, oito falam explicitamente no uso do WhatsApp para comunicação futura. E pelos menos quatro deixam claro que o canal será utilizado principalmente para a comunicação com a militância: é o caso das campanhas de Alessandro Molon (Rede-RJ), Carlos Osório (PSDB-RJ), Flávio Bolsonaro (PSC-RJ) e Marcelo Freixo (PSOL-RJ).
A campanha de Freixo parece ser uma das mais entusiasmadas em relação ao uso do WhatsApp. A convocação da militância acontece logo no topo da página, com um formulário de cadastro e o texto: "Participe da campanha! (…) 43.900 pessoas já estão se mobilizando! Junte-se a nós agora para saber como você pode fazer isso acontecer". Os interessados em participar mais ativamente e receber "missões" diárias para ajudar a eleição do candidato são convidados a enviar uma mensagem com o texto "Fecho" para o WhatsApp da campanha.
Molon é o único que trabalha também com Telegram, outro aplicativo de comunicação instantânea que hoje se posiciona como o terceiro principal player no Brasil, atrás de WhatsApp e Facebook, de acordo com a última pesquisa Panorama Mobile Time/Opinion Box sobre mensageria. No site, o candidato convida seus simpatizantes a cadastrarem seu número de celular: "Participe do dia a dia da campanha. Cadastre seus contatos e receba a agenda e informes por Whatsapp e Telegram."
Osório, por sua vez, é o único que menciona a utilização de SMS na campanha, também com a finalidade de se comunicar com voluntários: "A cidade do Rio precisa de mudanças urgentes. Cadastre-se para receber mensagens por e-mail, SMS e WhatsApp. Faça parte você também do movimento que vai transformar a cidade em um Rio de oportunidades e direitos."
Por fim, Bolsonaro informa em seu site um número de WhatsApp e incentiva os simpatizantes a entrarem em contato para a retirada de material de campanha em seu comitê.
Em São Paulo, os sites de Fernando Haddad (PT) e Marta Suplicy (PMDB) trazem formulários com um campo nomeado como "WhatsApp", enquanto Major Olímpio (SD) convida os eleitores a lhe adicionarem no aplicativo, informando o celular da sua campanha.
Vale lembrar que a legislação autoriza a propaganda eleitoral por meio de mensagens eletrônicas para endereços cadastrados gratuitamente por candidatos, partidos ou coligações, desde que seja disponibilizado um mecanismo que permita o opt-out, ou seja, a retirada do número, em até 48 horas. Uma cartilha divulgada pela Justiça Eleitoral cita explicitamente como exemplos WhatsApp, Telegram e SMS. É proibida a compra de cadastrso eletrônicos.
Análise
O especialista em marketing político digital e fundador da Escola de Política Digital (Epod), Rafael Oliveira, acredita que o WhatsApp servirá também para a comunicação interna entre assessores e marqueteiros que atuam em uma campanha, fazendo o papel que antigamente era do email. E alerta também para o risco de o canal ser usado para spam, principalmente para campanhas difamatórias: "Infelizmente haverá spam, com candidatos comprando base de números para disparos de mensagens agressivas". Ele entende que o WhatsApp é propício para essa prática, até por conta da dificuldade de se rastrear a origem de uma mensagem depois que ela passa do segundo nível de envio.