O regulador de telecomunicações do México, IFT, está começando a conversar com outros setores e órgãos reguladores para avançar nas leis que vão adaptar as moradias para aplicações de Internet das Coisas. Durante o MediaTek Mobile Latam Congress nesta quarta-feira, 14, Rebecca Escobar, titular do centro de estudos do órgão, afirmou que um desses segmentos é a construção civil.
“Teremos, em breve, um foro para dialogar e promover a consciência para que as casas sejam adequadas para a conectividade. As moradias precisam ter as melhores adaptações de equipamentos para as famílias exercerem o direito de escolher qual o fornecedor que desejam e não precisarem adaptar a casa toda novamente”, disse Escobar.
Ainda assim, a representante do regulador enxerga três grandes dificuldades para o desenvolvimento da IoT doméstica no México e em outros países da América Latina: conectividade; oferta aceitável de dispositivos conectados; acessibilidade aos serviços e aceitação cultural da tecnologia.
Conectividade
Em conectividade, Escobar enxerga a maior parcela do problema. Citando dados recentes de seu país, a especialista explica que 69% dos lares estão conectados à web, o equivalente 98,6 milhões de internautas, a maioria deles por Wi-Fi. Contudo, 31% dos lares não têm conectividade fixa.
“A evolução do lar inteligente está associada à evolução dos serviços de banda larga fixa. Deve-se garantir que as redes tenham a capacidade de suportar uma conexão massiva com boa qualidade para o desenvolvimento da IoT doméstica. Também tem relação com a conectividade universal, ou seja, levá-la à toda população”, disse.
Escobar afirmou ainda que a maioria das conexões no México (86%) são via cabo de cobre e, com isso, a velocidade média de download é baixa, 47 Mbps. Por isso, a especialista explica que o país está buscando modernizar suas redes para a fibra ótica. Também explicou que há disparates regionais, como dificuldades de ter mais lares conectados em estados do sudeste, como Chiapas e Oaxaca.
Serviços e dispositivos
Em acesso a serviços, Escobar acredita que ainda há uma “barreira tecnológica”, com muitos usuários temendo por sua privacidade, em especial nos usuários mais idosos. Por outro lado, a profissional acredita que os mais novos aceitam bem, deu como exemplo o fato de que 86% dos millennials aceitariam pagar mais por uma casa inteligente. Nessa dinâmica entre experientes e novos consumidores, a representante do regulador acredita que é preciso mostrar que a “tecnologia traz benefícios”, como economia de energia, e, dessa forma, haverá sua autopromoção.
E sobre o acesso aos dispositivos, a especialista acredita que o custo de novos aparelhos inteligentes não é acessível para uma grande parte da população. Mas espera um esforço do mercado no desenvolvimento de aplicações para diferentes segmentos. Explicou que pelo IFT, o trabalho foca em facilitar o acesso da população à conectividade, como a recente regulação de compartilhamento de rede em lugares públicos.