A Oi deve entrar no 5G de dois modos: pelo avanço do mercado de redes privadas e pela oferta da rede neutra da V.tal baseada em fibra ótica para dar capilaridade e transporte de longa distância aos players que vão se aventurar na quinta geração das redes celulares. Durante live organizada pelo BTG nesta terça-feira, 13, Rodrigo Abreu, CEO da Oi, afirmou que as apostas estão em pequenos e grandes provedores, além de segmentos privados e públicos que demandam redes privadas.
“O 5G abre possibilidades interessantes para quem não adquiriu frequência – o nosso caso. Uma delas é a opção de construção e operação de redes privadas, em LTE e 5G. Elas não dependem de rede secundária e, em alguns casos, contarão com frequências dedicadas, como acontece em segurança pública”, disse Abreu. “Está no radar do time da Oi Soluções para trabalhar com grandes operações para atender redes privadas”, revela.
O executivo deu como exemplo uma rede LTE que a Oi está construindo para a Secretaria de Segurança Pública da Bahia. Afirmou ainda que este tipo de rede não tem competição com o 5G das grandes operadoras e das provedoras regionais.
Fibra neutra
Em relação à participação da V.tal, Abreu disse que “o atacado tradicional passa a ser o neutro” com a oferta de fibra ótica para antenas 5G e transporte de longa distância. Neste modelo, a expectativa é que essa seja uma das áreas principais da ‘Nova Oi’, ao lado de FTTH e fibra ótica residencial.
“O 5G abre a oportunidades para os regionais, mas também coloca uma pressão de caixa nesses provedores. Enquanto nós (Oi) queremos acelerar a fibra no País para ocuparmos mais que os planos desenhados. Ou seja, 5G é uma grande oportunidade para a fibra”, completa.
Em relação à competição entre fibra ótica residencial e 5G (FWA), Abreu acredita que esta é uma “zona cinzenta” e que deve atingir um público muito pequeno, pois em áreas de muita densidade a fibra ainda tem mais entrada no residencial. Mas, em regiões distantes, você consegue fazer atendimentos domésticos em 5G. Dito isso, o CEO vê o 5G e a fibra como complementares.
Leilão e MVNO
Repetindo um mantra que muitos especialistas compartilharam com Mobile Time na véspera do leilão do 5G, o CEO afirmou que foi “natural” a não participação da companhia no certame. Explicou que o posicionamento foi diferente da oferta da frequência do 700 MHz (4G), quando não havia capacidade financeira para participar do leilão: “Dessa vez foi uma decisão estratégica, a conta não fechou. O custo da licença de 26 GHz era muito alto, levando em conta obrigações e prestação de serviço fixo”, justifica.
Disse ainda que as licenças de 2,3 e 3,5 GHz, voltadas ao serviço móvel pessoal (SMP), não fariam sentido algum serem adquiridas, uma vez que existe um acordo de não competição na venda da Oi Móvel, algo que vale também para operações virtuais.
Ainda assim, Abreu abordou a possibilidade de a Oi voltar ao mercado móvel eventualmente com uma operação virtual (MVNO). Explicou que a companhia focará sua atenção para tentar entender onde atuará, após o processo de criação da Nova Oi: “Não existe perspectiva inicial de você voltar a ser uma grande operadora móvel competindo para tentar marcar espaço nacional como uma quarta operadora”, disse. “Acreditamos que, do ponto de vista de mercado, quatro operadoras é uma visão superada. O Brasil tem dificuldade em comportar quatro players devido o nível de competição, custo e receita das operadoras. Se existir no futuro, será de maneira focada”, completa.