Atualmente, o monitoramento de pacientes a distância, ou telemonitoramento, não é instantâneo. Os dados médicos são coletados e enviados posteriormente, quando há conexão à Internet, o que pode ser fatal em alguns casos que requeiram ações imediatas. Isso mudará com o 5G. A tecnologia sem fio, com sua alta velocidade e baixa latência, permite a transmissão de dados quase em tempo real, possibilitando um telemonitoramento mais preciso.
As tecnologias vestíveis móveis, como os relógios inteligentes, que estão se tornando cada vez mais eficientes, captam diversos sinais vitais e dados de saúde do usuário. Com o 5G, esses dados podem ser coletados e processados em tempo real para embasar decisões médicas. As equipes conseguem rastrear sinais vitais e todos os indicadores necessários para o cuidado do paciente.
“O telemonitoramento é uma das grandes aplicações do 5G. Os relógios inteligentes são úteis para pegar alterações do ritmo cardíaco, como por exemplo uma fibrilação atrial, que é fatal em muitos casos. Você tem que perceber e agir em minutos. Se hoje essa informação é enviada alguns minutos depois, ela não tem utilidade, só serve para constatar o diagnóstico. Se você tiver esse relógio mandando em tempo real, via 5G o tempo todo a sua frequência cardíaca, usando inteligência artificial do lado da nuvem, você vai poder detectar uma alteração patológica e avisar imediatamente. Você vai salvar mais vidas com isso”, afirmou Renato Sabbatini, presidente da Sociedade Brasileira de Informática em Saúde (SBIS), em evento online da MV, realizado nesta quarta-feira, 15.
Sabatini alertou para o fato de que há limitações no telemonitoramento. Os dispositivos vestíveis móveis, principalmente aqueles que não têm finalidade primária de saúde, não são totalmente confiáveis. Com certa frequência, eles podem fazer leituras incorretas de sinais vitais, levando a falsas conclusões. “A confiabilidade, tanto dos sensores quanto da rede, hoje, coloca um perigo muito alto que nenhum médico quer aceitar”, contou.
“Seria extremamente útil você ter monitoração cardíaca em tempo real para determinados círculos de pacientes, mas não mandar isso diretamente ao médico. Você está convidando ao fracasso. Precisa ter uma estrutura intermediária para fazer a coleta e o processamento dos dados e usar a inteligência artificial para os pacientes que estiverem sendo monitorados, porque nenhum ser humano consegue processar isso”, disse.
De acordo com o presidente da SBIS, uma das implicações do uso do 5G na medicina é a necessidade de certificações que garantam o desempenho de softwares destinados a este uso. Em alguns casos que serão habilitados com as tecnologias de quinta geração, como cirurgias à distância, ou telecirurgias, milissegundos são determinantes. Por isso, é preciso que softwares que utilizem o 5G na medicina tenham o desempenho adequado. Sabbatini informou que até o fim de 2023, a SBIS determinará quais são os requisitos que softwares para telemonitoramento na medicina precisarão atender para certificar a qualidade necessária à sua utilização.