Em 2014, a prefeitura de Santo André/SP implementou o Sistema de Gestão de Serviços IP (SGSIP) desenvolvido pela Mitra, vertical de smart cities da Valid. A solução é voltada para o parque de iluminação pública das cidades e envolve diferentes tecnologias como: um carro com câmeras 360o de altíssima resolução, um GNSS (Global Navigation Satellite System, em inglês), antenas de RFID no capô do automóvel, além de uma plataforma de acompanhamento em tempo real de todos os serviços realizados. Os equipamentos são usados para mapear, identificar possíveis falhas e monitorar os equipamentos. No início do projeto voltado para modernizar a iluminação pública da cidade, batizado de Banho de Luz, o município detectou um total de 6 mil postes sem luz – de um total de 53 mil pontos – e tinha um déficit de R$ 5 milhões anuais em consumo de energia. Em pouco mais de dois anos, ou seja, em 2016, o custo foi zerado e, atualmente, são detectadas cerca de 50 falhas diárias, ou entre 2% e 3% do total de postes e luzes.
Vale dizer que os 5 milhões anuais são o superávit entre a despesa corrente com a o SGSIP e a receita corrente advinda da Contribuição de Iluminação Pública (CIP) que o morador paga todo o mês. Em Santo André, o valor está sendo integralmente aplicado em investimentos na expansão, modernização e melhoria do parque luminotécnico.
Para chegar a esse ponto, Santo André foi aos poucos. A primeira etapa foi colocar o veículo na rua. Com a câmera e o super GPS, começou-se a detecção de postes e pontos de iluminação, árvores e vias públicas. As câmeras 360o gravam em 4K à noite e em 8K durante o dia. Os sensores, a cada 15 metros, fazem o mapeamento dos espaços das vias públicas. Ao longo do mês, o carro percorre 2,4 mil quilômetros, metade de dia e metade à noite. Já o aparelho de RFID, detecta os postes que já estão com uma tag de identificação, de modo a acompanhar os ativos patrimoniais da prefeitura.
Com o mapeamento é possível identificar também a qualidade da luz que cada ponto de iluminação emite. É possível saber se uma lâmpada emite mais ou menos luz do que o necessário. E a câmera permite pegar a coordenada geográfica de cada ponto, com precisão. Assim, além de trocar lâmpadas queimadas identificadas, o sistema também mostra onde é preciso ajustar a intensidade da iluminação.
“A gente não sai desesperadamente consertando todos os problemas imediatamente. Mas em cada saída para consertar uma falha, a equipe aproveita para ‘taguear’ o patrimônio. Eles (a prefeitura) não saíram gastando fortuna. O processo foi acontecendo de forma natural. Quando a estrutura estava organizada, o município tomou uma decisão de ou fazer uma concessão ou contratar uma empresa e a própria prefeitura fazer a gestão do processo. É um modelo misto. Santo André optou pela segunda opção. Neste caso, a prefeitura informa a falha, aciona a empresa e fiscaliza a ação”, explica Luciano Pezza Cintrão, diretor da Valid, em conversa com Mobile Time.
O executivo conta que o município tem duas economias: a de consumo de energia elétrica – uma vez que são trocadas as lâmpadas comuns pelas de LED, que consomem menos – e de manutenção, por haver um controle maior. “Eles passaram a comprar lâmpadas de melhor qualidade e, se existe um problema antes do tempo, a prefeitura aciona o fornecedor, que troca o produto.
Os sensores
Em uma segunda etapa do processo, a Valid começou a incluir sensores nas redes de iluminação antigas. O sistema realiza automaticamente toda a gestão do parque luminotécnico da cidade. Para tanto, ele interage, recebe informações e cria ordens de serviço automaticamente, permitindo que a prefeitura realize uma gestão mais ágil e visualize todos os dados (pré-analisados de antemão).
Os circuitos mais novos possuem um relógio medidor que aponta problemas de funcionamento como um todo. Com os equipamentos, é possível monitorar a rede e coletar dados, a essência da Mitra, vertical de cidades inteligentes da Valid, que captura os dados, trata e enriquece a partir da integração com outros sistemas de outras áreas.
Integrado à solução há um sistema de telegestão, presente em 12 mil pontos luminosos, que permite acompanhar todos os parâmetros e manipular os pontos onde o sistema está instalado. O uso dessa tecnologia, somado aos investimentos em modernização do parque, permite economia de 70% da capacidade no período da madrugada (da 0h às 4h), garantindo a redução do consumo de energia elétrica.
“Os sensores estão onde deveriam estar. E, com eles, podemos dimerizar a luz, ou seja, aumentar ou diminuir a intensidade da luz, medir sua força e adequar ao local”, explica Cintrão.
Os sensores trabalham em uma rede mesh com circuitos telemonitorados. “O dado vai pingando até encontrar um concentrador, que empacota e o envia em um IP. Cada concentrador tem um chip 4G. Ele aguarda que todos os pontos mandem a informação, ou seja, concentra os dados, e envia para o centro de comando”, explica.
Um concentrador monitora 1 mil sensores, reduzindo drasticamente o número de falhas do circuito.
Todas as informações seguem para o centro de comando, que passa a ter uma ideia exata e detalhada de como está a rede de iluminação da cidade, quais pontos precisam de melhorias, e quais pontos de luz precisam ser dimerizados.
“Buscamos um sensor de US$ 40. Nesse caso, ele não tem Internet ou câmera. Se tivesse, custaria 400 euros. Não temos dinheiro para gastar nisso”, diz o executivo da Valid, explicando por que a cidade não oferece Internet Wi-Fi para as pessoas a partir dessa mudança na estrutura de iluminação pública.
Aplicativo
A solução da Valid também fornece um aplicativo tanto para os trabalhadores da rede quanto para a população. Em Santo André, no entanto, a prefeitura optou por usar o app somente para os funcionários públicos. Para os cidadãos, o app foi integrado a um outro, o Colab, que estimula o morador de uma cidade a fiscalizar e a denunciar problemas encontrados.