A Abecs (Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços) verificou um aumento de 12% na taxa de inadimplência no cheque especial para pessoas físicas no primeiro trimestre de 2024. De acordo com dados analisados do Banco Central, há uma forte relação entre o crescimento do uso do pagamento instantâneo (Pix) e o aumento da concessão do cheque especial, que chegou a aumentar 53% de 2021 a 2024, mesmo período em que houve um crescimento exponencial do Pix.
Na avaliação de Giancarlo Greco, presidente da Abecs, o dado é importante para a indústria de pagamentos porque mostra que o cartão de crédito não é o vilão da história. No período, a taxa de inadimplência do cartão de crédito ficou em 7,2%, 4,8 pontos percentuais de distância do cheque especial.
“Vimos um crescimento expressivo na concessão do cheque especial no fim do ano passado, no último tri. O nosso foco é a taxa de inadimplência comparada com o cartão. O Pix sai da conta corrente e, atualmente, uma conta oferece limite de crédito que é a mesma coisa que um cartão de crédito faz: a pessoa pode fazer uma transação com recursos que ela não tem”, explicou Greco.
Vale dizer que o cartão de crédito ultrapassou 10% no parcelado e atingiu 51,6% no rotativo. “O cartão de crédito hoje tem uma inadimplência mais controlada do que aquela que vemos no cheque especial”, avaliou Greco. “A participação do rotativo no endividamento das famílias é de apenas 2,3%.”
Relação entre Pix e cartão de débito
Greco também explicou que o Pix contribui para o aumento do uso do cartão de débito em transações online. “O que vemos é que o Pix vem ajudando a ‘eletronizar’ ainda mais transações, e em algumas regiões contribui com o crescimento do cartão débito, inclusive, mas traz esse comportamento de requerer um volume maior de concessão de cheque especial. E a análise que fazemos serve para acompanhar dois componentes críticos: a modalidade de utilizações de meios eletrônicos e inadimplência”, resumiu.