Um dos mais famosos rostos brasileiros é o da supermodelo Gisele Bündchen. Reconhecida graças aos seus poderosos desfiles de moda, várias campanhas de publicidade e também por ser a esposa do quarterback da NFL Tom Brady, ela se tornou um padrão de beleza no País. Brasileiros e pessoas do mundo todo a idolatram. A beleza de Gisele inspira mulheres brasileiras e, algumas delas, tentam replicar seus louros e ondulados fios de cabelo.
A beleza é um importante aspecto da cultura brasileira, perdendo apenas para o futebol como paixão nacional. É estimado que brasileiros gastem aproximadamente 10% da sua renda mensal apenas em cuidados com o cabelo. Por exemplo, em 2014, mulheres gastaram $7.7 bilhões nesse tipo de serviço. Trata-se de uma generosa porção de dinheiro sendo injetada na economia local e global de beleza e acentua o poder econômico deste mercado.
Esse poder de compra fez com que 500 mil salões de beleza legítimos se tornassem um tipo dominante de pequena e média empresa no Brasil. Os donos desses salões, em sua maioria mulheres, juntamente com milhares de outros donos de PMEs e operadores, compreendem 99% de todas os empreendimentos brasileiros e representam 25% do PIB nacional. Mesmo sendo a maioria, esses tipos de negócio acabam em desvantagem para continuar crescendo, gerando empregos e contribuindo para uma economia em recessão por conta de falta de viabilidade financeira.
Com uma concentração tão grande de pequenos e médios negócios no Brasil, o país está pronto para virar a maré da inclusão econômica para melhor, com a abertura de oportunidades que incluem grupos sociais tradicionalmente sub-atendidos. Focar na melhoria do acesso financeiro das PMEs através de assistência pública e privada, e na integração de serviços financeiros móveis (MFS) tem o potencial de influenciar positivamente o resto da economia brasileira.
Aumentando o empreendedorismo em uma economia decrescente
Experts estão chamando esse ano de “o segundo ano de recessão no Brasil”. Mas mesmo com um encolhimento da economia, estimada em decrescer outros 3.5% sobre os 3.8% do ano passado, e uma taxa de desemprego que atingiu 11% em abril, o empreendedorismo está aumentando rapidamente.
Um em cada cinco brasileiros participou na criação ou no gerenciamento de um negócio com menos de três anos em 2015. O aumento de pequenos negócios é algo notável em um ambiente econômico desfavorável e a crescente adoção de smartphones e de empreendedores dispostos a encarar desafios contribui para a facilidade de começar uma PME. O dinheiro móvel permite que donos de pequenos negócios tenham acesso a serviços bancários como empréstimos e crédito, que não estavam ao alcance anteriormente. Sem a necessidade de ir a um banco, o gestor de um negócio não precisa se ausentar de suas funções por um dia inteiro, apenas para explorar o potencial de um empréstimo. Os donos de pequenas e médias empresas podem consultar sua situação financeira em tempo real, além de construir seu crédito mais rapidamente baseando-se em atividades de MFS.
Olhando para os tipos de PMEs que vêm emergindo, isso indica um forte vínculo com os negócios e com a cultura local. Salões de beleza são o perfeito exemplo disso. Estes tipos de estabelecimento permitem que os empreendedores tenham um papel ativo na formação das suas comunidades e economias. Se uma pessoa precisa de um emprego e ela já tem afinidade com o tema” beleza”, ela pode abrir seu próprio negócio. A base de clientes automática e a promessa de lucro atraem muitas pessoas a se tornarem empreendedoras. É importante ressaltar que 43% de todas as PMEs brasileiras são comandadas por mulheres.
Desafios Insuperáveis no Cenário de PMEs Brasileiras
Mesmo com altos números de proprietários e grande influência sobre a macroeconomia do país, os donos de PMEs enfrentam dificuldades de penetrar no mercado formal, já que o acesso financeiro a este tipo de negócio é limitado. Muitos sofrem com problemas de fluxo de caixa, acesso a crédito bancário e regulamentações governamentais acerca de financiamentos. Eles citam esses como os maiores obstáculos ao iniciar seus próprios negócios. Mesmo que eles consigam superar esses desafios, eles continuam em desvantagem dentro do sistema formal.
Para uma dona de salão de beleza, por exemplo, o aumento de acesso a fluxo de caixa, proporcionado pelos serviços financeiros móveis, pode permitir que ela pague mais a seus funcionários e consiga mais clientes. Processar os pagamentos dos clientes através do sistema de dinheiro móvel tornaria as transações mais seguras, minimizaria os riscos e traria mais capital. O acesso ao crédito bancário daria ainda mais recursos para a aquisição de mais espaço, mais produtos e ferramentas, como cadeiras, pias e secadores. Além de tudo isso, regulamentações governamentais menos rígidas facilitariam a operação de um pequeno negócio na economia nacional.
Dar às PMEs acesso a um crédito que se encaixe no orçamento sem a necessidade de um banco local físico e fornecer educação sobre gestão de caixa com uma plataforma MFS aumenta a probabilidade de as PMEs gerarem mais dinheiro e investirem mais sabiamente, abrindo-se para novos mercados. Todas essas realizações, que são possíveis com uma única conta bancária em um smartphone, levam a uma inclusão econômica mais profunda e que não busca apenas o crescimento individual dos negócios – mesmo que isso seja um passo fundamental. É esperado que o MFS tenha um impacto positivo em toda a economia nacional, e, por sua vez, na indústria global.
Esforços para uma inclusão econômica
Quando PMEs têm uma parte tão grande da indústria brasileira, a inclusão econômica pode não parecer um desafio principal, mas, na realidade, se isso fosse totalmente atingido no Brasil, muitas PMEs teriam mais sucesso. Também haveria mais oportunidades de emprego, empreendedorismo continuado e desenvolvimento econômico. Os brasileiros veriam os benefícios de um boom econômico ao invés de estagnação.
Muitos grupos especializados estão focando seus esforços em trabalhar para uma melhor inclusão econômica com abordagens inovadoras, mas, ainda assim, práticas, para melhorar uma vertical de negócios por vez. A Bamboo Finance é uma empresa de capital privado que investe em modelos de negócios que beneficiam as comunidades de baixa renda. A empresa suíça fez uma parceria com a Brazil Plus, uma empresa que oferece capital para PMEs para encorajar o crescimento. Essa iniciativa conjunta dará o acesso necessário a crédito para que esses pequenos negócios se tornem empresas duradouras, que gerem empregos e contribuam para a redução da pobreza.
Em um nível ainda mais local, o Sebrae é uma entidade privada dedicada a simplificar o empreendedorismo e formalizar a economia através de parcerias que suportam programas de treinamento, acesso a crédito e desenvolvimento sustentável. Seu foco é dar às PMEs as ferramentas, a educação e os recursos necessários para se tornarem negócios duráveis e formais.
Esses grupos sabem o poder de amplos investimentos, mas acreditam que as mudanças reais vêm com um nivelamento do campo de jogo de uma indústria específica. O Sebrae ajudou centenas de milhares de salões de beleza brasileiros a uniformizar suas necessidades e práticas.
Com assistência financeira de empresas como a Bamboo Finance e a Brazil Plus, as PMEs podem trabalhar para atingir esses padrões e até excedê-los. A crescente oferta de serviços financeiros móveis ajuda os pequenos negócios em desvantagem, já que esse tipo de plataforma se move além do todo, trabalhando para atingir a inclusão econômica e o empoderamento de donos de negócios diretamente.
Enquanto a economia brasileira e a indústria nacional flutuam entre uma explosão de empreendedorismo, recessão volátil e baixo crescimento, as PMEs vão começar a encontrar seu espaço no mercado formal. O papel de fortalecimento das PMEs na evolução da inclusão econômica não deve ser subestimado. Grupos como o Sebrae trabalham continuamente para atingir esse ideal econômico. É um passo pequeno, porém importante, na integração dos MFS na realidade de pequenos negócios pelo Brasil.