Uma plataforma onde o usuário é recompensado por praticar bons hábitos financeiros. Assim é a Flourish Savings, uma empresa que quer mudar a maneira como as pessoas gerenciam suas finanças, tendo gamificação e soluções de recompensa como sua aliada. A empresa tem como cofundadores o brasileiro Pedro Moura (também CEO) e a norte-americana Jessica Eting. A startup possui clientes nos Estados Unidos, no Brasil e na Bolívia e, recentemente, recebeu US$ 1,5 milhão de aporte em captação liderada pela Canary, firma de venture capital, com a participação de Xochi Ventures, First Check Ventures, GVAngels e Magma Partners. Houve ainda participação de investidores-anjo estratégicos, como Brian Requarth (fundador da VivaReal), Rodrigo Xavier (ex-presidente do Bank of America e UBS Pactual) e Beth Stelluto (ex-vice presidente da Charles Schwab). O montante será usado para a expansão da startup para a América Latina, a começar com a abertura de um escritório no Brasil. O país foi escolhido estrategicamente por conta das diversas mudanças que acontecem no mercado financeiro, em especial com a implementação do open banking.
A Flourish foi criada em 2018 como uma conta poupança com incentivos baseados em gamificação e mecânicas de loteria. Por exemplo: quem economiza participa de sorteios. Apesar de o produto ainda existir, a startup fez uma guinada para vender seu sistema em modelo white label para instituições financeiras. Atualmente, tem em sua carteira clientes como o CommonWealth, Opportunity Fund e o BancoSol, um dos bancos de microfinanças da América Latina, localizado na Bolívia.
“Estamos construindo uma empresa global. Nos próximos 12 a 18 meses, vamos focar nossos esforços na América Latina. Hoje, estamos concentrados mais especificamente no Brasil, porém, desde que anunciamos a rodada de capital, nos surpreendemos com o interesse de instituições da Colômbia e do México à procura do que estamos fazendo. Porém, no momento atual, o foco é o Brasil. E estamos escutando”, explica Pedro Moura em conversa com Mobile Time.
A estratégia dos sócios é entrar no mercado brasileiro a partir de parcerias com instituições financeiras, bancos regionais, varejistas que possuam carteiras digitais ou cooperativas de crédito.
A tecnologia da Flourish aposta em oferecer uma melhor experiência ao usuário de modo a ajudar seus parceiros na retenção de seus clientes tornando-os mais leais, mais interativos, mais engajados. Na prática, a plataforma conta com três módulos principais para os consumidores. O primeiro deles é o sistema de recompensas, que garante incentivos financeiros a quem cumpre as metas para economizar ou investir. Outro são regras automáticas de microinvestimento, que podem ser personalizadas — como fazer o usuário aplicar uma quantia pequena após cada vitória de seu time de futebol. Além disso, há uma área de educação financeira, que transforma as transações e gastos do usuário em um jogo de perguntas e respostas. Em última instância, a proposta é auxiliar as pessoas a estabelecerem bons hábitos financeiros.
A história
A história da Flourish se confunde com a de seu CEO. Quando tinha 15 anos, a família Alves Moura optou por se mudar do Rio Grande do Norte, onde tinham uma pequena rede de farmácias que entrou em colapso, para o Vale do Silício, na Califórnia. Lá, fizeram um pouco de tudo para sobreviver e pagar as dívidas. Moura acabou estudando Economia e Relações Internacionais na Universidade da Califórnia, trabalhou no mercado financeiro (no Morgan Stanley), foi para o banco de varejo, onde trabalhou numa agência em um bairro latino-americano, até entrar para a Oportun, uma startup que oferece crédito à comunidade latina da região.
Apesar de mais próximo de seu objetivo de vida e de ver a empresa decolar e escalar rapidamente, Moura resolveu em 2017 sair para desenvolver o seu próprio projeto. “Crédito é importante, porém existem todos os elementos de serviços do sistema financeiro que também precisam ser cuidados”, explica. E, assim, a Flourish nasceu com a premissa de “ajudar pessoas a entrarem no sistema financeiro com serviços responsáveis”.
“Nossa missão é empoderar as pessoas e fazer com que tenham atitudes saudáveis com relação às suas finanças”, resume Moura.