A brCarbon é uma climate tech que promove soluções climáticas a partir de recursos financeiros oriundos do mercado de carbono. A ideia é mitigar os efeitos das mudanças climáticas propondo a empresas de conservarem pedaços de suas terras ou comprando créditos de carbono a partir dos projetos da brCarbon. A empresa, que faz dois anos em novembro, passou a mapear florestas e fomentar ações de conservação usando um drone com um sensor LIDAR (Light Detection and Ranging) acoplado a ele.
O sensor no veículo aéreo não tripulado é capaz de fazer um monitoramento da floresta em três dimensões. Ele faz a contagem das árvores, o georreferenciamento, as medições de altura, área e do diâmetro das copas das árvores, além de identificar e quantificar clareiras e a mortalidade das árvores.
O novo equipamento começou a ser utilizado ainda neste ano para oferecer precisão para mensuração, reporte e verificação (MRV, na sigla oficial) dos estoques de carbono florestal. Ele está em fase de testes na Amazônia e na Caatinga, sendo usado além das medições realizadas em campo por profissionais da brCarbon. Os dados levantados com o drone são comparados com as informações coletadas em campo.
“O drone é uma ferramenta que estamos começando a usar para medir e estimar a biomassa florestal”, explica Renan Kamimura, engenheiro florestal da brCarbon. “Ele será usado de forma complementar às nossas atividades em campo. Medimos no chão e quantificamos a quantidade de árvores, seus diâmetros, entre outros dados. Depois, comparo com aqueles coletados pelo drone e temos uma ideia de sua precisão”, continua.
O drone usado é de última geração da chinesa DJI e é controlado por meio de aplicativo. Ele tem uma precisão de localização de cerca de meio metro, segundo Kamimura. Já o sensor LIDAR é um sensor ativo que emite luz para fazer as medições das copas das árvores.
“Com o sensor, a gente enxerga de forma holística a floresta e conseguimos quantificar o seu carbono. E tudo isso de forma rápida. Por exemplo, para fazer o levantamento de uma mesma área em que, no trabalho tradicional de campo, manual, precisávamos de uma equipe de 10 pessoas operando durante até 15 dias, agora precisamos de apenas três pessoas trabalhando até 10 dias com o aerolevantamento via drone”, compara o engenheiro florestal”
O alcance também é muito maior. Um único sobrevoo com o drone mapeia entre 80 e 100 hectares. Com o método tradicional de mensuração, com uma equipe de 10 pessoas trabalhando, o rendimento médio é de 1 hectare por dia.
Após a fase de testes, a meta é validar a metodologia e publicar artigos científicos em revistas especializadas. Neste contexto, será possível incorporar o sistema à rotina entre 2023 e 2024, reduzindo o esforço amostral em campo. Kamimura explica que a principal barreira para a disseminação do uso do LIDAR era o custo operacional, pois era necessário o aluguel de um avião para tanto. Agora, com o drone, o custo operacional é reduzido consideravelmente. Para os testes, a brCarbon firmou cooperações técnicas com instituições do terceiro setor, empresas, institutos de pesquisa e universidades.