| Publicada originalmente no Teletime | A Anatel aceitou a proposta das operadoras de telecomunicações e a ABR Telecom será a entidade responsável pela implementação do sistema de identificação e autenticação de chamadas que a agência quer ver implementado como forma de coibir chamadas abusivas. Segundo Gustavo Santana Borges, superintendente de controle de obrigações da Anatel, a decisão foi tomada de comum acordo, inclusive pelas empresas de call center, que propuseram que o sistema fosse implementado pela ABT (Associação Brasileira de Telemarketing).
“O que a Anatel quer é que seja implementado um sistema com credibilidade e que seja ainda este ano”, disse o superintendente, em conversa com Teletime. A ABR Telecom é uma associação das operadoras de telecomunicações que têm como função operacionalizar atividades que requerem integração entre sistemas de diferentes empresas, tais como roaming, portabilidade entre outras. A proposta das teles para que a ABR Telecom liderasse a iniciativa de implementar o sistema de reconhecimento e autenticação de chamadas apareceu apenas no começo de maio e surpreendeu a agência, que estava em conversas avançadas para que o sistema fosse implementado pela ABT. “Importante destacar que a ABT, apesar de concordar que a tarefa fique com a ABR Telecom, não tirou a sua proposta da mesa, e para nós isso é uma espécie de plano B, caso a proposta das operadoras não evolua”, diz Gustavo Borges.
Em relação ao prazo, a Anatel espera que o sistema de identificação e autenticação de chamadas esteja operacional até o final do ano, mesmo que isso aconteça de maneira escalonada entre as operadoras. O sistema pode ser o stir-shaken da Cleartech, que estava sendo proposto pela ABT, ou outro similar. Na próxima sexta, 23, a Anatel deverá ter mais informações das operadoras sobre a contratação do sistema. A ABR Telecom já abriu uma chamada de propostas para os fornecedores de sistemas desse tipo.
Em paralelo, explica o superintendente, a Anatel e as empresas interessadas trabalham no processo de definição das regras de funcionamento do sistema, para resolver questões como interconexão, regras de compliance de informações, política de tratamento de dados etc. “Não deve ser um processo demorado porque existem referências internacionais que a gente já está utilizando”, diz ele.
Em relação às empresas de telemarketing e call center, a Anatel espera uma adesão “estimulada” ao sistema de identificação e autenticação. Quem aceitar, não precisará ser obrigado a utilizar a numeração 0303 ou 0304, hoje considerada “estigmatizante” de chamadas inconvenientes, o que tem causado dificuldades ao setor de call center e teleatendimento. O custo de utilização do sistema ficará por conta das empresas de telemarketing.
O sistema de identificação pretendido pela Anatel visa coibir o spoofing, ou seja, chamadas que falseiam o número de origem, fazendo parecer que a chamada parte de um número que não existe ou foi clonado. Essa prática é usada para evitar as listas de números de spam.
Sistemas como o stir-shaken validam em tempo real não apenas o número que chama quanto permitem a identificação efetiva do usuário daquela linha, de modo que a identificação de traz o contratante efetivo daquela chamada (um banco, uma empresa de telecomunicações, ou qualquer outra empresa que utilize telemarketing ou atendimento).