A receita de agregadores de conteúdo móvel no Brasil este ano está entre 40% e 50% abaixo do esperado. Diante disso, algumas empresas devem fechar as portas no País nos próximos meses. O alerta parte do diretor geral do MEF na América Latina, Rafael Pellon. "Acho que haverá cinco ou seis empresas de serviços de valor adicionado (SVA) a menos no Brasil no fim do ano", prevê, sem citar nomes.
Os agregadores de conteúdo móvel são empresas que reúnem produtos digitais como jogos, ringtones, vídeos e imagens e os distribuem para o consumidor final através de portais próprios ou com a marca de operadoras celulares (modelo conhecido como white label). O consumidor compra esses conteúdos por meio de SMS ou de sites WAP. Os agregadores fizeram sucesso durante a era dos feature phones, aparelhos multimídia que não têm sistema operacional aberto e nem acesso às lojas de aplicativos de hoje em dia. O principal ofensor desse mercado é a migração da base de usuários para smartphones. "O consumo de conteúdo móvel no Brasil está se concentrando nas app stores. E as operadoras vivem um dilema: não sabem se investem em suas marcas com lojas de conteúdo próprio ou se viram meios de pagamento. Hoje vivem de promoção de conteúdo, mas isso não se sustenta a longo prazo", analisa Pellon, referindo-se às recentes megapromoções das teles, que oferecem sorteios de prêmio para estimular o consumo de conteúdo móvel. Para complicar o cenário, a economia brasileira patina e o consumidor pré-pago, que hoje compõe a principal fonte de receita dos agregadores, está reduzindo seus gastos.
Premium e diversificação
O caminho para os agregadores é apostar em conteúdo premium e diversificar seus canais de distribuição, recomenda o diretor do MEF-LatAm. Não basta vender através da operadora: é preciso estar presente nas lojas de aplicativos e na web. "Não podem ficar em um canal só. E devem negociar muito com todos os canais. As operadoras hoje em dia estão mais abertas do que antes, diante das dificuldades", avalia.
Outro caminho pode estar nos países vizinhos. Boa parte da América Latina vive o momento que o Brasil experimentou anos atrás, com uma larga base de feature phones e grande consumo de conteúdo móvel através dos canais oficiais das teles. "Aqui o consumo estagnou, pois o mercado chegou a uma maturidade, migrando para smartphones, especialmente por causa da oferta de Androids de baixo custo, com ajuda do subsídio das teles e da Lei do bem", comenta Pellon.
A diminuição de associados não preocupa o MEF-LatAm. Na opinião do executivo, isso pode até ajudar a definir melhor o foco de atuação no Brasil. Ele compara com o que aconteceu com a Acel (Associação Nacional das Operadoras Celulares), que passou de dezenas de membros no começo da década passada para meia dúzia em razão da consolidação do setor. "As agendas ficam mais específicas e as iniciativas refletem isso. Só reforça o que a gente já vem fazendo", afirma.