Desde o surgimento do carro, em 1910, a indústria automotiva tem estado na linha de frente da inovação. Ela vem acelerando esse processo graças ao aumento do foco na tecnologia para carros em todas as categorias. A partir dessa premissa, há alguns anos, a Ford declarou que era uma companhia de tecnologia, não uma empresa de automóveis. Por outro lado, estamos cada vez mais vendo marcas, como a Google e a Apple, envolvidas em todos os aspectos do desenvolvimento dos carros. Da conexão e da autonomia para dirigir veículos até as características inteligentes orientadas por sensores, essas companhias estão determinando o ritmo e a escala das inovações tecnológicas para a indústria automotiva. Para essa indústria, mais do que a qualidade, é a experiência de interação com o carro que tem sido o ponto-chave no momento da decisão de qual modelo comprar.
Existe uma grande discussão (e investimento) em torno da tecnologia e de serviços móveis em um carro, principalmente nas áreas interrelacionadas do carro conectado, como a direção autônoma e o papel do carro na Internet das Coisas. Quando se trata de serviços móveis, o carro não é mais só um veículo, mas uma ferramenta também, trazendo todos os aplicativos do usuário para dar suporte à experiência de dirigir. Hoje, já estamos vendo um excesso de serviços baseados em segurança, navegação e localização que nos ajudam a estacionar, encontrar o melhor caminho ou destacar os pontos de interesse locais. Apps novos e mais avançados aparecem constantemente. A evolução dos sistemas de segurança eletrônicos que chamam automaticamente os serviços de emergência no caso de um acidente grave, como o EU eCall, ou o Sistema ERA GLONASS, da Rússia, devem estar disponíveis em breve.
A respeito dos carros autônomos, a indústria automobilística espera que o carro que realmente dirige sozinho deva ser uma realidade em 2020. Vimos testes bem sucedidos com o veículo Mercedes-Benz S500 Intelligent Drive, que refez a primeira viagem feita pelo o primeiro carro de passageiros em 1888, percorrendo cerca de 170 quilômetros.
Mas ao mesmo tempo em que há confiança real de que a tecnologia estará disponível, é provável que os regulamentos e setores de seguros sejam uma barreira ao uso generalizado. Ainda existem muitas preocupações com os possíveis acidentes, sem mencionar o desafio emocional de convencer as pessoas a abandonar o controle de seu veículo.
Paralelamente, a experiência do cliente em um mundo cada vez mais conectado e socialmente orientado está alimentando os projetos dos novos carros. Empresas automotivas estão direcionando suas ações de acordo com o feedback dos usuários. A eficiência do combustível é uma importante área de inovação hoje, em resposta a temores dos consumidores sobre os aumentos dos preços. Esses mesmos consumidores estão demandando soluções que incluam tanto o veículo quanto os serviços que são fornecidos para ele. E a indústria está começando a entregar.
Esse foco na experiência do cliente está levando a uma mudança não só nos carros que são produzidos, mas também nas soluções que estão sendo integradas aos veículos. É a tecnologia como background, conectando o carro com o resto do mundo, que começa a ser mais interessante. Essas mudanças trazem uma série de novos desafios e oportunidades. Por exemplo, carros conectados, de repente, trazem à tona questões de privacidade de dados e de segurança. Este é um desafio para os fabricantes de automóveis que, anteriormente, não precisavam ter esse tipo de preocupação. Mas há questões práticas que precisam ser respondidas sobre variações regulatórias entre os países, como quem é dono dos dados no carro e se as permissões do usuário são necessárias quando a informação pessoal é compartilhada a partir de um carro.
Todas essas mudanças e inovações ocorrem de uma maneira muito complicada pelo fato de a indústria automobilística viver uma fase delicada. Globalmente, as vendas de automóveis para pessoas com menos de 45 anos estão no ponto mais baixo de todos os tempos. Parece que existe uma mudança fundamental em ser proprietário de um carro e na utilização do veículo. Em muitas sociedades, ter um automóvel já não é mais o símbolo de status que era antigamente. Uma série de opções alternativas estão surgindo. No entanto, isso está sendo contrabalançado por avanços de infotainment, comunicação, segurança, interfaces e serviços baseados em localização dentro do carro.
O resultado final é que a indústria de automóveis se encontra em uma fase muito experimental. Os principais fabricantes estão se voltando para soluções tecnológicas como forma de experimentação de novas interfaces, projetos, conceitos e fontes de energia para maior envolvimento do cliente, maior segurança, maior eficiência de combustível e mais inteligência. Tudo, desde os sistemas PLM, até as simulações e testes, via CRM, supply chain e produção, são cada vez mais avançados e interligados, criando um ciclo de feedback que reforça os ciclos de desenvolvimento cada vez mais curtos. A chave do sucesso será a capacidade de lidar com a crescente complexidade, com a melhoria da transparência nos processos dentro do tempo de desafio estipulado pelo mercado.