O mercado de apostas esportivas está finalmente sendo regulado no Brasil. A partir de janeiro de 2025, as “bets” precisarão atender a uma série de exigências regulatórias, dentre as quais alguns estão alguns cuidados relativos ao cadastro dos apostadores, o chamado “know your customer” (KYC). Para facilitar esse trabalho, a ClearSale desenvolveu uma solução que batizou como “Passaporte do Apostador”, uma plataforma unificada para o gerenciamento de identidades reutilizáveis para o mercado de apostas esportivas. Até o final do ano, a solução está disponível para uso gratuito das bets. A expectativa da empresa é ter milhões de apostadores cadastrados até dezembro.

O Passaporte do Apostador é uma solução de “single sign on”, tal como o login pelo Google, pelo Facebook ou pelo Gov.br, mas focado no mercado das bets. O usuário precisa se cadastrar uma única vez em um app de apostas, mas depois pode reutilizar sua credencial em qualquer outro app de apostas que utilize a mesma solução, sem necessidade de preencher um novo cadastro. A ClearSale se encarrega de armazenar e gerenciar em seu data lake os dados de todos os apostadores cadastrados. Na prática, ela presta o serviço de onboarding, tratamento e gerenciamento dos dados pessoais para as empresas de apostas, se comprometendo a seguir as exigências da regulamentação. Cada app de apostas tem acesso somente aos dados dos seus próprios usuários. Os dados bancários e as transações financeiras continuam sob o controle das empresas de apostas online.

Além de facilitar a vida do usuário, uma plataforma de single sign on para apostas também confere maior segurança para as bets. “O apostador será sempre o mesmo, independentemente dos múltiplos ambientes de apostas que acessar no dia a dia. Se pisar na bola em um ambiente, o efeito em rede protege o ecossistema como um todo, em vez de termos ilhas que cuidam individualmente cada uma da sua segurança”, descreve Lucas de Paula Lima, head de new ventures da ClearSale, em conversa com Mobile Time.

Há um logo padronizado do passaporte do apostador para identificá-lo dentro dos apps de apostas que adotarem a solução, de forma que o usuário reconheça o serviço de autenticação nas diferentes plataformas (veja abaixo).

Passaporte do apostador

Logo do passaporte do apostador

Modelo de negócios do passaporte do apostador

A regulamentação das apostas online prevê a validação de uma série de dados fornecidos pelos apostadores no processo de onboarding, incluindo a checagem de seu nome e CPF, mas também o cruzamento com a sua biometria facial. O executivo da ClearSale estima que o custo do processo de cadastro, se feito pela própria bet com ferramentas disponíveis no mercado, gire em torno de R$ 3,50.

ClearSale

Lucas de Paula Lima, head de new ventures da ClearSale

O problema é que ao longo da jornada do apostador há outros momentos em que será necessário recorrer à biometria facial, por exigência da regulamentação, como no ato de recuperação de senha. E hoje é difícil para as bets estimarem qual vai ser o custo médio por apostador para cumprir todas as exigências de KYC previstas na regulamentação.

A ClearSale procura resolver essa dor através de um modelo de negócios baseado em serviço. Ela se encarrega de escolher as ferramentas para as diversas validações e cobra de cada bet um preço fixo mensal por apostador cadastrado, que fica na casa de centavos. Se o usuário passar mais de três meses sem usar a bet, a ClearSale deixa de cobrar por ele.

“Nós trazemos esses custos fragmentados para dentro da ClearSale. E repassamos na forma de um custo fixo mensal por apostador autenticado no ambiente. A ClearsSale assume essa responsabilidade”, explica Lima.

Futuro do KYC

A ClearSale atua há mais de uma década com identificação e autenticação de usuários para o varejo online e para o setor financeiro. Hoje, através das suas conexões com diversos bureaus, a empresa afirma conseguir identificar com biometria facial 98% da população brasileira que tem CPF.

Uma das suas apostas para o futuro é a possibilidade de cruzamento de informações entre setores para o combate à fraude, como já é feito hoje entre instituições financeiras, com aprovação do Banco Central, destaca o executivo.

Imagem principal: Ilustração de Nik Neves para Mobile Time